Num intervalo de 12 dias, ao menos 232 pessoas morreram no Estado de São Paulo à espera de um leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para atendimento dos casos graves de Covid-19. No dia 19 deste mês, haviam sido contabilizadas ao menos 104 casos em 18 cidades diferentes, número que agora chega a 336 (alta de 223%) em 24 municípios paulistas.
A primeira vez que a reportagem realizou uma sondagem junto aos principais municípios do Estado, no dia 11 deste mês, foram constatados 42 óbitos por falta de um leito de UTI. Os dois levantamentos anteriores foram feitos após questionamento a 60 administrações municipais (9,3% do total de 645 cidades paulistas), incluindo as 40 com mais de 200 mil habitantes.
Em geral, os municípios maiores são escolhidos para abrigar serviços de alta complexidade, tais como leitos de UTI e tratamentos como os de hemodiálise, para os rins, um dos órgãos mais afetados em pacientes que apresentam complicações pela Covid-19. São eles que abrigam os pacientes vindos de outros municípios menores e que muitas vezes não tem sequer leitos de UTI Covid estruturados.
A mais recente sondagem focou em 30 cidades, incluindo as 18 que já haviam confirmado mortes por falta de uma vaga. A consulta aos municípios menores se dá pois a saturação em várias cidades de maior porte vem impactando as menores, já que não há para onde levar o paciente.
É o caso do pequeno município de Buri (a 266 km de São Paulo, no sentido oeste), que registrou 17 mortes só neste mês de março e investiga outras quatro por falta de leitos de UTI. No dia 19 deste mês foram anotados apenas três mortes de pacientes na fila da UTI, conforme anteriormente informado. A atualização da administração veio após a publicação deste texto.
Outras 21 pessoas internadas em Buri aguardam transferência, sendo cinco delas em estado grave e necessitando de um leito de UTI. Nunca em toda a sua história, o pequeno município de menos de 20 mil habitantes contou com tantas pessoas internadas ao mesmo tempo.
Também após a publicação deste texto, a prefeitura de Bragança Paulista corrigiu a informação inicial de 12 mortos à espera de um leito de UTI. O número correto, segundo a administração municipal, é de 9.
Sozinhos, seis municípios registram dois terços do total de mortes: Franco da Rocha (47); Bauru (47); Ribeirão Pires (36); Francisco Morato (35); Taboão da Serra (30) e Itapecerica da Serra (19).
Evolução
Dados apresentados nesta quarta-feira pelo governo estadual indicam que a taxa de ocupação nos leitos de UTI Covid chegou a 92,2% no estado e 91,8% na Grande São Paulo. No dia 19 de março, eram, respectivamente; 90,6% e 91%.
Os altos índices se mantiveram mesmo com a abertura de 4.695 novos leitos de terapia intensiva no Estado entre os dias 28 de fevereiro e 30 de março, 50% acima do que havia anteriormente.
No dia 19 de março, 11.410 pessoas estavam internadas em leitos de UTI Covid, número que chegou a 12.975 nesta quarta-feira. Essa quantidade é 107,6% superior aos 6.250 internados nestas mesmas condições no auge da pandemia em 2020 no Estado, que ocorreu na segunda semana de julho.
Há 12 dias, eram anotadas 15.531 internações em leitos de enfermaria, número que chega passou aos atuais 18.216 (alta de 17,28%).
A pressão no sistema é explica pela alta do contágio. Há 12 dias, no dia 19 de março, o Estado computava 2.280.033 casos de Covid, número que chegou a 2.469.849 nesta quarta (alta de 9,5%). A quantidade de mortes passou de 66.798 para a soma total de 74.652 atualmente, numa evolução de 11,7% no período.
Mortes por cidades
Franco da Rocha 47
Bauru 47
Ribeirão Pires 36
Francisco Morato 35
Taboão da Serra 30
Buri 19
Itapecerica da Serra 19
Caieiras 17
Guarulhos 17
Dracena 13
Mauá 11
Bragança Paulista 9
São Carlos 7
São Caetano do Sul 7
Nova Granada 5
Guararema 4
São Paulo 4
Buri 3
Rio Grande da Serra 3
Diadema 2
Presidente Prudente 2
Irapuã 1
Ribeirão Bonito 1
Tabapuã 1
Poá 1
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