Sem a linha 1-azul na estação da Luz, passageiros buscam alternativas para seguir viagem

Linha amarela e carro por aplicativo eram opções para alguns, enquanto outros tinham que voltar para casa

São Paulo

Desavisados sobre a greve dos metroviários até chegarem à estação da Luz, centro da capital, muitos passageiros que buscavam o metrô tinham que descobrir como seguir viagem até o trabalho na manhã desta quarta-feira (19). A greve, anunciada na noite de terça (18), pegou muitos de surpresa.

A linha 4-amarela, que não está paralisada, acabou sendo a alternativa para algumas pessoas. Para alguns, porém, ainda era necessário descobrir como seria o trajeto. A administradora Beatriz Miranda, 32, era uma das que estava nessa situação.

Vindo de Itaquera, zona leste, Beatriz pegaria a linha 1-azul até a estação Ana Rosa, zona sul, para então pegar o veículo fretado para o trabalho. A alternativa que pensou foi pegar a linha amarela até a estação Paulista e, em seguida, um carro por aplicativo. "Eu soube [da greve] nesse exato momento. Eu vou pegar um uber, mas e quem não pode pagar?"

A empregada doméstica Márcia Lopes, 43, faria um trajeto semelhante. Ela saiu de Cidade Tiradentes, zona leste, e tentava chegar ao Paraíso, zona sul. Normalmente pegaria a linha azul, mas resolveu pegar a amarela. "Vou chegar na Paulista e tentar ligar para a minha patroa para ela me buscar. Por enquanto, estou perdida, está complicado."

Vindo do Morumbi, zona oeste, o encanador industrial Juarez Barbosa, 40, chegou à Luz pela linha amarela. Para ele, o jeito foi encarar o mapa para entender como faria o percurso até a Barra Funda, zona oeste, que normalmente faz com o metrô. "Vou procurar informação sobre o que eu faço, porque não sei o que fazer. Acho que vou chegar atrasado." A reclamação dele era de que não havia ninguém para dar orientações.​

Na plataforma da linha amarela, o sistema de som informava que o metrô estava com o funcionamento paralisado. Na área de acesso à linha azul, fechada com grades, passageiros se aglomeravam sem saber o que fazer, enquanto guardas gritavam para que buscassem alternativas.

Um dos que esperava no local era o eletricista Joaquim Osório, 44. Ele chegou à Luz por volta das 5h e quase uma hora depois ainda não tinha saído de lá. Precisava ir até a estação Santa Cruz com a linha 1-azul para ainda seguir com a 5-lilás até Moema. A decisão foi que esperaria uma eventual normalização até as 7h. "Se não reabrir, vou voltar pra casa."

"Não tenho opção. Não faço ideia de como seguir", dizia o pedreiro Raimundo de Jesus, 51. Vindo de Guaianases, zona leste, ele tinha que seguir até Santa Cruz, zona sul, mas sem a linha azul não tinha como.

Para quem trabalha na região central, a calçada da estação da Luz virou ponto de integração com os carros de aplicativo. Muitas pessoas tentavam conseguir um, mas a concorrência e a tarifa mais alta atrapalhavam.

Precisando seguir até a estação Armênia, a operadora de caixa Maricely Alves, 33, viu que a viagem estava custando R$18, quando, segundo ela, não é mais que R$6 --custo que, em dia normal, com a linha azul operando, não teria. Às 5h06, ela já estava atrasada para o trabalho, mas resolveu esperar mais. "Está muito caro, não dá. Já mandei mensagem avisando." Ela só soube da greve quando estava dentro do trem.

"Simplesmente cheguei no Brás e não tinha metrô. Dei com a cara na porta", dizia a enfermeira Eliana da Silva, 52. Ela precisava chegar à estação Marechal Deodoro, no centro, e também tentava pegar um uber por volta das 5h. "Em plena pandemia, que a gente é obrigado a trabalhar para salvar vidas, tem que passar por isso. Fica uma indignação muito grande."

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