Após concessão, parque da zona norte de SP, que tinha ranking ruim, está bem conservado

Avaliação de 2019 colocava espaço como o pior entre os seis locais municipais que agora estão sob administração da iniciativa privada

São Paulo

Após um ano e quatro meses sob concessão e de queixas de usuários, o parque Tenente Brigadeiro Faria Lima, no Parque Novo Mundo, zona norte de São Paulo, encontra-se em bom estado de conservação.

O local é um dos seis parques municipais do primeiro lote de concessão à iniciativa privada pela Prefeitura de São Paulo. Além do Tenente Brigadeiro Faria Lima, os parques Ibirapuera (Vila Mariana), Jacintho Alberto (Pirituba), Eucaliptos (Morumbi), Lajeado (Guaianases) e Jardim Felicidade (Pirituba) foram concedidos por 35 anos à empreiteira Construcap.

Em 2019, um ranking da Fundação Aron Birmann, em parceria com a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente identificou os melhores e piores parques da capital. O parque Tenente Brigadeiro Faria Lima foi classificado como regular e ocupava a posição mais baixa do ranking (55º) dentre os seis espaços que agora estão sob concessão.

Entrada do parque Tenente Brigadeiro Faria Lima, na zona norte, um dos que foi concedido à iniciativa privada pela prefeitura. - Ronny Santos/ Folhapress

.

A reportagem do Agora esteve no local nesta terça-feira (15) e a movimentação era tranquila. Próximo ao meio-dia, cerca de dez pessoas estavam no parque, que conta com uma área de mais de 50 mil m².

O Faria Lima tem um campo de futebol, playgrounds e uma quadra poliesportiva. O previsto pelo edital da prefeitura está cumprido: os brinquedos estavam conservados, redes e tabelas pareciam instaladas recentemente e a pintura da quadra estava em dia.

Segundo a Urbia, empresa do grupo Construcap, é responsável pela gestão, operação e manutenção dos locais e administra o parque Tenente Faria Lima desde janeiro de 2020, os alambrados da quadra poliesportiva e do campo estão recuperados, pichações foram removidas e houve um trabalho de pintura. No caso da quadra, as tabelas e cestos de basquete acabaram recolocados.

A empresa também afirma ter revitalizado as trilhas e caminhos do parque e instalado equipamentos como aparelhos de ginástica, bebedouros, mesas e bancos.

A avaliação feita em 2019 pela Fundação Aron Birmann apontava que as lixeiras "atendiam bem ao parque apesar de não adaptadas à coleta seletiva". Agora, em junho de 2021, o parque conta com lixeiras novas que se dividem entre lixo orgânico e reciclável.

"As obras mais significativas serão realizadas após a aprovação definitiva do Plano de Intervenções que está sob análise da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente", diz nota da Urbia.

Dentre as obras a serem entregues, de acordo com a empresa, estão a reforma da área administrativa, instalação de uma arquibancada no campo de futebol, novos vestiários e banheiros. Também serão implantados câmeras de segurança e rede Wi-Fi, novos parquinhos, hortas comunitárias e adequações à acessibilidade.

Frequentadores relatam pouca movimentação e sossego no local

Na areia de um dos playgrounds, a coordenadora de Same (Serviço de Arquivo Médico e Estatística), Ane Francine Martinelli de Faria, 37, brincava com seus filhos Pedro, 2, e Elisa, 6. Ela mora no bairro desde criança e, agora, leva as crianças ao parque que frequentava anos atrás.

"Faz parte da minha história esse parque. Estamos em meio a tantas transportadoras, bem perto da Dutra e da Marginal, e [o parque] é um local de refúgio, de natureza e ar puro", diz Faria.

Sua única preocupação é em relação à pouca movimentação no local. "Aqui é bem tranquilo, mas ouvimos falar muito sobre a questão da violência. Tinha que ter mais gente circulando", comenta a mãe. Segundo ela, devido à pandemia, apenas um dos portões do parque fica aberto, o que dificulta o acesso ao local.

O ajudante geral Daniel Borges, 29, também mora na região e é frequentador do parque. "Venho para ficar sossegado e me distrair", explica. Segundo ele, o espaço não costuma ficar muito cheio, nem aos fins de semana, quando o campo de futebol é mais utilizado.

Outros parques

Já outro do pacote de concessão, o parque Jacintho Alberto registra traços de abandono. Sanitários interditados, a pista de skate sem condições de uso e mobiliário degradado pontuam o parque em Pirituba.

Em uma visita na sexta-feira (11), a reportagem identificou ainda que o piso de uma quadra estava cheia de buracos e remendos. O alambrado estava degradado. Havia bancos quebrados e jardins sem manutenção.

A responsabilidade pelos outros parques repassados à Urbia na mesma concessão em que a empresa passou a gerir o Ibirapuera —além do Jacintho Alberto, Jardim Felicidade, Faria Lima, Lajeado e Eucaliptos—caiu numa zona cinzenta. “O Jacintho Alberto ainda é administrado pela prefeitura. O contrato de gestão, em função da pandemia, foi postergado em alguns meses”, afirma Samuel Lloyd, diretor comercial da Urbia. A concessionária, segundo ele, deveria ter iniciado seu trabalho junto ao parque em janeiro do ano passado.

Em nota, a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, da gestão Ricardo Nunes (MDB), reiterou que o Parque Jacintho Alberto faz parte do processo de concessão vencido pela empresa Urbia Parques. "A concessionária está assumindo todos os seis parques pertencentes ao projeto e assim que a aprovação do Jacintho Alberto ocorrer, as manutenções necessárias, incluindo a pista de skate, poderão ser executadas", afirma. "Além disso, os serviços de manejo e vigilância estão ocorrendo normalmente na área do parque."

Já em em Guaianases, o parque Lajeado estava conservado e em boas condições de uso. Porém, inaugurado em 2010, ele foi herdado pela Urbia já em bom estado, como atestam moradores vizinhos. Banheiros estavam limpos e sem defeitos aparentes, os jardins e o mobiliário também exibiam com boa conservação.

Assuntos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.