Cidades da Grande São Paulo e do interior começaram a vacinar pessoas de faixas etárias e de grupos diferentes dos estabelecidos pelos programas nacional e estadual de imunização contra a Covid-19.
Ainda na segunda-feira (31), um dia antes do anúncio do governo estadual de imunizar pessoas com comorbidades e deficiências permanentes a partir de 30 anos, ao menos 20 dos 39 municípios da região metropolitana de São Paulo já haviam adotado a medida.
Em comum, todas elas passaram a exigir o comprovante de residência para quem for se vacinar.
Mas não são só pessoas com problemas de saúde que já podem se vacinar em alguns municípios paulistas. Franco da Rocha decidiu imunizar os coletores de lixo da cidade. Em Embu das Artes, também na Grande São Paulo, desde a última segunda-feira (31) todas as pessoas residentes na cidade a partir de 50 anos já podem ser vacinadas.
Em todo o estado, essa faixa etária só tem previsão de começar a receber a vacina contra a Covid-19 daqui a dois meses, em 2 de agosto, desde que não ocorra atraso na entrega das doses.
Questionado como a cidade conseguiu antecipar tanto o calendário estadual, o secretário de Comunicação de Embu das Artes, Jones Donizete, afirmou que desde o início da campanha de vacinação contra a Covid-19 o município conseguiu antecipar os grupos. “Não tivemos perda de vacinas”, disse.
Segundo o secretário, os cinquentões que ainda não foram imunizados totalizam cerca de 16 mil pessoas na cidade, e, para isso, há estoque disponível.
Donizete negou que Embu está usando doses de reforço para antecipar a faixa etária e disse que todas as vacinas são da primeira dose, já com a garantia de reserva para a segunda. “Fomos muito rígidos no agendamento e cadastro."
A antecipação pegou moradores de surpresa, como o pintor Antônio Carlos Félix da Silva, 50 anos, que nesta terça-feira (1º) encarou a fila no Estádio Hermínio Espósito, ponto de vacinação da cidade. Ele foi avisado pela ex-mulher sobre a imunização de pessoas na sua faixa etária. “Ela correu, fez o pré-cadastro e me avisou”, disse
Longe há 30 anos de Embu das Artes, o administrador de empresas Sander Soares, 56, voltou a morar no município há apenas dois meses. “Fiquei sabendo pelo Instagram da minha prima. Ainda bem que chegou já uma conta de gás e consegui comprovar o endereço”, afirmou.
Agente de trânsito municipal, Francisco Eduardo Fernandez, 51, afirmou se sentir feliz por ter tomado a primeira dose. Porém, disse se ressentir pelo fato de que outros colegas de trabalho mais jovens ainda não terem sido vacinados. “Como a nossa profissão não se enquadra em agentes de segurança, tomei pela idade mesmo”, afirma.
Quem quer que sua vez não demore é a vendedora Regiane Camilas Lucas Fernandes, 37. Ela agendou o horário e levou a irmã, a tia e a madrinha, todas com mais de 50 anos, para tomarem o imunizante. “Não vejo a hora de tomar a vacina”, disse.
Comorbidades e educação
Embu das artes é uma das cidades da Grande São Paulo que já estavam oferecendo vacina para pessoas a partir dos 18 anos de idade, e com comorbidades, ou deficiências permanentes que recebem o BPC (Benefício de Prestação Continuada). É o caso também de Ferraz de Vasconcelos, Itapevi, Ribeirão Pires e São Caetano do Sul.
Além de reduzir a faixa etária elegível para esses grupos, Itapevi e Ribeirão Pires passaram a imunizar profissionais de educação a parir de 18 anos, mesma decisão adotada em São Caetano do Sul. Pelo cronograma do governo estadual, professores de 18 a 46 anos só devem começar a ser vacinados em 21 de julho. Isso se não houver nenhum atraso no cronograma de entregas de vacinas por parte do Ministério da Saúde.
No estado, outras cidades também já ofereciam vacinas para esses grupos, porém, em outras faixas etárias. É o caso de Piracicaba (160 km de SP), que disponibiliza o imunizante para pessoas desses grupos com 25 anos ou mais, e Mauá (ABC), que a partir de quinta-feira (3) fará o mesmo.
A Prefeitura de Mauá disse em nota que a partir do dia 8, próxima terça-feira, será a vez de pessoas de 18 a 24 anos com comorbidades ou deficiências serem imunizadas.
Campinas (98 km de SP) também reduziu a idade dos vacinados. Mas estabeleceu uma divisão. Pessoas a partir de 18 anos com deficiência permanente já poderiam ser vacinadas, porém, selecionou apenas cinco grupos de comorbidades desta faixa etária, entre os mais de 20 elegíveis à vacina: diabéticos; os que tratam de câncer; aqueles com imunodeficiência primária; doenças cardíacas congênitas ou obesidade mórbida.
"Essas foram algumas comorbidades que muitas pessoas evoluíram para óbito", explicou Andrea von Zuben, diretora do Devisa (Departamento de Vigilância em Saúde) da Prefeitura de Campinas.
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