Ignorância. Racismo. Perseguição.
Mais um caso acontece no Rio.
Empresária negra é acusada de furto.
Foi numa loja de shopping.
O vestido era dela.
O gerente achou que não.
Por sorte, a jovem estava com o celular.
Gravou tudo e conseguiu se defender.
Jonas era um respeitado professor universitário.
—Racismo é realidade.
Ele tomou a decisão.
—Agora, só ando com o celular.
Entrava na loja filmando tudo.
A butique masculina Moby Dick vendia bons produtos.
O vendedor Sílvio Robert implicou.
—Hum. O senhor vai levar alguma coisa?
Jonas apontou o celular.
—Qual foi a pergunta, amigo?
—O senhor entra aqui… pega nas roupas…
—Estou escolhendo.
—E aí na mochilinha? Já não escolheu nada não?
Jonas pôs a boca no trombone.
—Racismo. Olha aí. Isso é crime.
Os seguranças vieram conferir.
—Olha só o celular dele… onde já se viu?
Era um aparelho de última geração.
—Roubou. Na certa. Custa uns R$ 8.000.
O celular terminou confiscado.
Jonas ainda está procurando a nota fiscal.
O Brasil é uma grande baleia branca.
Engole seus filhos.
Dentro da barriga, até os melhores celulares perdem a conexão.
Voltaire de Souza: No ventre da baleia
Voltaire de Souza
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