A cidade de São Paulo registrou 17.834 mortes por Covid-19 nos primeiros seis meses deste ano. O número é 15,5% superior aos 15.587 óbitos que ocorreram durante os dez primeiros meses de 2020 (de março a dezembro).
A quantidade de casos confirmados da doença neste primeiro semestre de 2021 foi 64% superior o comparativo com todo o ano passado. Dos 1.277.380 pacientes infectados pela doença desde o início da pandemia na capital, 482.825 foram de março a dezembro de 2020, e outros 794.858 de janeiro a junho deste ano, segundo dados da Secretaria Municipal da Saúde.
O número de mortes vem em queda desde abril passado, no pico da pandemia, mas o de casos cresceu em junho em relação a maio, conforme os boletins da gestão Ricardo Nunes (MDB).
Especialistas são cautelosos em fazer projeções para os próximos meses. Isso porque a situação dependerá de uma série de fatores que envolvem desde a cobertura vacinal, o impacto de novas variantes do coronavírus e ainda se as medidas de contenção do contágio serão mentidas ou afrouxadas, ou seja, a manutenção das restrições de circulação e obediência aos protocolos sanitários.
“As variáveis são inúmeras. Não temos a menor ideia de como estará a situação daqui a seis meses. Poderemos ou não estar numa situação melhor”, afirma o infectologista Alexandre Naime Barbosa, chefe do departamento de infectologia da Unesp de Botucatu (238 km de SP) e consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia).
Entre essas variáveis, segundo Naime, está o de saber qual será a resistência das variantes já em circulação e aquelas que ainda podem aparecer em relação à eficácia dos imunizantes utilizados atualmente. “Recentemente vimos números de redução da quantidade de pessoas internadas e de óbitos. Por outro lado, existe uma possibilidade de recrudescimento e uma nova onda devido justamente a essas variantes”, afirmou.
Inverno
Para o epidemiologista Eliseu Alves Waldman, professor do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo), só será possível ter uma ideia de como serão os próximos meses dependendo da quantidade de casos e mortes registradas durante este inverno, iniciado no dia 21 de junho e que se prolongará até fim de setembro.
“Nestes meses é provável que ainda tenhamos muitos casos e, depois disso, eu gostaria que a gente acabasse com essa fase aguda do problema”, afirma.
Waldman avalia que os altos picos da doença, vistos em março e abril deste ano, com repiques no fim maio e em junho, só não se repetirão se o ritmo de vacinação for mantido, bem como as medidas de restrição de circulação e respeito aos protocolos sanitários.
E mesmo que venha a ocorrer queda nos números, ele alerta que a característica do vírus é diferente. “A Covid fica, não sumirá. Ela tem transmissibilidade muito maior em relação a outros vírus. Tudo dependerá ainda das variantes, cobertura vacinal e o desempenho dessas vacinas frente as variantes”, afirma.
Naime afirma que as medidas de proteção devem ser mantidas até por pessoas que já foram imunizadas. “É necessário que continuemos com o uso de máscaras e que não ocorram eventos superdisseminadores. Caso contrário, vamos favorecer ainda mais a adaptação do vírus, como já tem ocorrido com algumas variantes, inclusive aquelas que nem conhecemos ou identificamos ainda”, afirmou.
Para o infectologista, não é adequado falar em 1º de julho de 2021 que algum evento ocorrerá no fim do ano ou no começo de 2022. “É irresponsável prever um futuro com tantas variáveis incertas”, disse.
Nesta quinta, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que disse existir uma “grande possibilidade favorável” da cidade liberar Réveillon ou Carnaval. "A vacinação está acompanhando. Nós passamos de 7 milhões de doses de vacinas [aplicadas] na cidade de São Paulo, com 56% da população eletiva já vacinada”, disse Nunes.
Atualmente a cidade de São Paulo está vacinando pessoas de 42 anos e 43 anos e pretende imunizar as de 41 a partir da próxima segunda (5). Além disso, a capital paulista tem registrados desabastecimentos temporários desde semana passada.
Segundo o epidemiologista Eliseu Alves Waldman, mesmo que todas as pessoas acima de 18 anos estejam de fato vacinadas até o dia 15 de setembro, os efeitos dessa cobertura vacinal só começarão a ser sentidos em novembro ou dezembro deste ano.
“A situação brasileira é diferente de outros países. Eu acho que a gente só vai poder pensar em relaxar talvez a partir de meados do ano que vem”, afirma.
Evolução da Covid na cidade de São Paulo
Mês | Casos | Mortes | Internações em UTI | Vacinas (*) |
Janeiro | 83624 | 1722 | 577 | - |
Fevereiro | 67249 | 1323 | 615 | 86330 |
Março | 115988 | 3728 | 753 | 1072919 |
Abril | 302807 | 5089 | 1285 | 1501138 |
Maio | 109590 | 3232 | 1115 | 1682086 |
Junho (**) | 115600 | 2740 | 877 | 2128048 |
(*) começou a ser divulgada no dia 25 de fevereiro. Inclui 1ª e 2ª doses
(**) dados acumulados até o dia 30 de junho, referentes a 29 de junho
Fonte: Boletim diário do município de São Paulo
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