SP monitora 30 pessoas que tiveram contato com família de infectado por variante delta do coronavírus

Homem de 45 anos, morador na região do Belenzinho, na zona leste, é o primeiro caso confirmado com a nova cepa na capital paulista

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São Paulo

Ao menos 30 pessoas são monitoradas pela Prefeitura de São Paulo, após terem contato com uma mulher de 43 anos, que testou positivo para a Covid-19. Ela é casada com o homem de 45 anos que foi infectado pela variante delta do novo coronavírus. O caso é o primeiro confirmado na capital paulista da cepa identificada inicialmente na Índia.

A Covisa (Coordenadoria de Vigilância em Saúde) afirmou nesta terça-feira (6) que existem indícios de que o homem tenha sido infectado por transmissão comunitária.

Com ele, segundo o prefeito Ricardo Nunes (MDB), moram a mulher de 43 anos, além de um enteado, de 26, e o filho do casal, de 9 anos. Todos estão em isolamento domiciliar, de acordo com a Secretaria Municipal da Saúde.

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) durante o início da vacinação de pessoas de 40 anos na cidade de São Paulo, nesta terça-feira (7), quando ele falou do primeiro caso confirmado de infecção pela variante delta na capital paulista - Rivaldo Gomes/Folhapress

“Para a nossa sorte, essa família é muito consciente e ficou em isolamento”, afirmou Nunes, em entrevista durante o início da vacinação de pessoas de 40 anos contra a Covid-19, nesta quarta-feira (7), em um megaposto na região de Santo Amaro (zona sul). Segundo ele, "ainda é prematuro falar de contágio comunitário”, apesar das investigações da prefeitura.

Conforme a secretaria, o homem infectado pela cepa procurou atendimento médico em uma UBS (Unidade Básica de Saúde) do Belenzinho (zona leste), onde a família mora, em 19 de junho. A Covid-19 foi confirmada dois dias depois.

O paciente trabalha em casa e afirmou que não viajou e que não teve contato com pessoas que viajaram. Sua mulher, porém, faz atendimento ao público —a profissão dela não foi informada.

A secretaria aguarda exame de sequenciamento genético da mulher do paciente diagnosticado com a variante delta para confirmar se ela também foi infectada pela cepa.

Segundo Edson Aparecido, secretário municipal da Saúde, das 30 pessoas que tiveram contato com integrantes da família, ao menos duas estão com Covid-19.

“Aguardamos o sequenciamento genético de uma pessoa [com Covid], para confirmar com qual a variante do vírus ela está. O pai dela também testou positivo, mas ainda não sabemos qual variante”, afirmou. A conclusão dos exames está estimada para até o fim desta semana, segundo ele, assim como da mulher do paciente confirmado.

Aparecido disse ainda que, caso estas duas pessoas testem positivo para a variante delta, a transição comunitária estará confirmada.

A transmissão local também pode eventualmente ocorrer caso a prefeitura confirme que o homem com a variante delta e seus familiares não tenham tido contato com pessoas de fora de São Paulo. Isso vai ocorrer após a varredura, já em andamento, feita pela Saúde municipal.

“Temos que tomar cuidado [para falar em transmissão comunitária]. No Maranhão não aconteceu nada com os seis casos. No Rio de Janeiro ficou somente em um caso, assim como em Juiz de Fora [MG]. Como avançamos a vacinação em São Paulo, esta também uma forma de bloqueio", disse o secretário. "O município está atento. Fazemos rastreamento há dois meses. Toda segunda-feira pegamos amostras de testes na cidade e mandamos sequenciar.”

Segundo a prefeitura, a rede de atenção básica segue monitorando todos os casos suspeitos e confirmados de Covid-19. "O município continua encaminhando ao Instituto Butantan e ao Instituto de Medicina Tropical da USP cerca de 700 amostras semanais positivas para a Covid-19. Desde abril, estas apontaram apenas este caso para a variante delta, que está sendo investigado."

Por causa da variante, a secretaria instalou barreiras sanitárias nos terminais rodoviários da capital e no aeroporto de Congonhas (zona sul) para monitorar passageiros que chegam à cidade.

Leitos foram reservados no Hospital Geral de Guaianases (zona leste), exclusivamente para tratar pacientes com a nova cepa.

A variante delta do coronavírus Sars-CoV-2 (anteriormente chamada de B.1.617.2) foi primeiramente identificada na Índia em outubro de 2020 e é apontada como a principal responsável pelo surto de Covid-19 que atingiu o país asiático no início deste ano, sobrecarregando os sistemas de saúde e levando caos ao sistema funerário.

Até o início de julho, a variante já havia se espalhado por 98 países, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), independentemente das taxas de vacinação da população dessas nações. Cientistas do mundo todo vêm apontando que a delta é a variante que gera maior preocupação até o momento.

Segundo o Ministério da Saúde, o caso registrado em São Paulo foi o 15º confirmado no país. Destes, seis foram confirmados no navio que esteve na costa do Maranhão, três no Rio de Janeiro, um em Minas Gerais, dois no Paraná, dois em Goiás e o da capital paulista.

Ainda segundo a pasta, entre esses casos, dois óbitos foram confirmados para a variante, no Maranhão e no Paraná.

Especialistas alertam que a transmissão comunitária é um indicativo de que a cepa já está circulando na cidade de São Paulo, e pode provocar um aumento no número de casos.

“Isso era esperado. A pessoa diagnosticada com a variante delta não tinha viajado. Normalmente, quando se faz o diagnóstico é por amostragem. Provavelmente tem muitos casos e a cepa já está circulando aqui”, afirma o infectologista Marcos Boulos, professor da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) e integrante do Centro de Contingência do Coronavírus do governo de São Paulo, que assessora a gestão João Doria (PSDB) nos cuidados com a pandemia.

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