Voltaire de Souza: Brilho na noite

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Voltaire de Souza

Sóis. Estrelas. Cometas.
O universo está sempre em modo de show.
Denise era mística.
—Viu isso, Fernando?
O namorado enrolava seu fuminho.
—O quê, anjo?
Uma chuva de meteoritos se aproxima do planeta.
—Parece que são pedaços do cometa de Halley…
—Beleeeza.
—Vamos ver, amor?
—Mas como? Aqui no Tremembé?
Um tio de Denise plantava hortaliças perto de Cotia.
—A gente passa a noite lá.
—Será que ele deixa?
O ancião fazia sérias críticas ao uso de maconha.
—Ele nem vai perceber.
Um telheiro abandonado serviu de base das operações.
Maconha. Haxixe. LSD.
Fernando conferia o céu.
—Só tem nuvem, pô.
O casal se aninhou num cobertor artesanal.
De repente, brilhos rápidos surgiram entre as frestas do telhado.
—Vem ver, Fernando. É cometa.
Não exatamente.
Projéteis de metralhadora riscavam o céu.
Guerra de traficantes.
Uma visão mística surgiu na mente de Fernando.
De dentro de um disco voador, saiu um senhorzinho de paletó.
—Ministro Paulo Guedes? É você?
—Furou o teto. Mas eu continuo firme.
A bala perdida conduziu o rapaz à UTI.
Os economistas se preocupam.
Mas sempre aparece alguma luz na escuridão.

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