O Brasil tem um dos trânsitos mais violentos do mundo. Cerca de 37 mil pessoas morrem todos os anos em acidentes nas ruas e estradas.
É praticamente uma morte a cada 12 minutos _ou como se um avião lotado caísse a cada dois dias. Além das inestimáveis vidas humanas, o país perde por ano até R$ 52 bilhões com gastos hospitalares e previdenciários, entre outros.
Diante desse quadro, é preocupante o projeto do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de aumentar de 20 para 40 o número de pontos por multas que leva à suspensão da carteira de motorista. Outra ideia é ampliar o prazo para renovar a habilitação, de cinco para dez anos.
Antes, o próprio Bolsonaro já havia dito que acabaria com as lombadas eletrônicas nas estradas federais e que não renovaria os contratos com as empresas responsáveis por esses radares. Ele chegou a dizer que a "indústria da multa" beneficiava as concessionárias das rodovias.
O presidente está enganado: toda a grana arrecadada, na verdade, fica com os órgãos públicos de fiscalização de trânsito.
É praticamente um consenso entre especialistas que medidas como essas provocarão um número ainda maior de mortes no país.
Se Bolsonaro está tão disposto assim a acabar com a chamada indústria da multa, uma alternativa seria tirar do sistema de pontuação as infrações que não afetam a segurança do trânsito —como furar o rodízio ou estacionar em lugar proibido.
O que não dá pra aceitar é afrouxar a fiscalização. Até porque é graças a regras mais rígidas que o Brasil vem conseguindo, ainda que lentamente, reduzir esse verdadeiro massacre no trânsito.
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