Governo no osso

Jair Bolsonaro admitiu que sua administração enfrenta crise financeira

Parece difícil entender: o governo gasta hoje tanto quanto na época de Dilma Rousseff (PT), mas muitos órgãos públicos estão ameaçados de paralisia por falta de grana. “Os ministros estão apavorados”, disse o presidente Jair Bolsonaro (PSL). “Estamos aqui tentando sobreviver no corrente ano.”

A explicação é que algumas despesas continuam crescendo, enquanto outras precisam encolher para equilibrar as contas. Os pagamentos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) aumentam sempre, porque mais gente se aposenta. Os salários dos servidores também tiveram reajuste nos últimos anos.

O jeito é cortar onde a lei permite. Primeiro, foram as obras públicas, que vêm minguando desde 2015. Isso contribuiu, aliás, para a crise no setor de construção civil, que piora o desemprego.

 O presidente Jair Bolsonaro durante solenidade de celebração do Dia Internacional da Juventude, no Palácio do Planalto
O presidente Jair Bolsonaro durante solenidade de celebração do Dia Internacional da Juventude, no Palácio do Planalto - Pedro Ladeira -16.ago.2019/Folhapress

Com o tempo, vai sendo preciso apertar também os pagamentos do cotidiano: água, luz, gasolina. Agora estão sob ameaça as bolsas para pesquisadores e o serviço para emissão de passaportes. Nessa toada, vai faltar dinheiro para livros didáticos e equipamentos de saúde.

Esse tipo de gasto, considerado não obrigatório, somava uns R$ 190 bilhões em 2014 (valores corrigidos). Nos últimos 12 meses, foram R$ 120 bilhões. É um arrocho considerável.

O pior é que a arrecadação não basta para cobrir tudo. Por isso, o Tesouro Nacional precisa arrumar dinheiro emprestado quase todo dia.

Como ninguém quer saber de mais impostos, só resta segurar a despesa. Além da reforma da Previdência, a área econômica vai querer controlar também os salários dos servidores. Vai demorar até o governo aprender a viver dentro de suas possibilidades.

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