Sempre pode piorar

Governo dá mostras de que não sabe lidar com óleo nas praias do Nordeste

Dois meses após o maior desastre ambiental da história, o governo brasileiro segue dando mostras de que não está preparado para lidar com o óleo que invade as praias do Nordeste.

O presidente Jair Bolsonaro visita o plenário da Câmara durante um sessão solene em homenagem ao nordestino - Pedro Ladeira/Folhapress

E é no meio dessa confusão que está marcado para esta quarta-feira (6) um megaleilão para a exploração de petróleo no mar. O episódio deixa dúvidas se o país conseguirá garantir a segurança necessária para esse tipo de de extração.

Para uma rede de TV, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) foi taxativo: “O que chegou até agora e o que foi recolhido é uma pequena quantidade do que foi derramado. Então, o pior ainda está por vir”.

Num país normal, uma declaração dessas vinda do presidente da República estaria sustentada na análise de especialistas envolvidos diretamente no combate ao vazamento. Pois eis que o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, deixou tudo mais incerto: “Nós não sabemos a quantidade derramada, o que está por vir ainda”, declarou.

Como se vê, a desinformação é total. Primeiro o governo culpou a Venezuela e até uma ONG. Agora a suspeita recai sobre o navio grego Boubolina. Dona da embarcação, a empresa Delta Tankers Ltd. nega o acidente e diz que cabe ao governo brasileiro provar. 

Culpada ou não, o fato é que os prejuízos gigantescos estão aí. Há o enorme custo da operação de limpeza, além das perdas para a saúde pública, a pesca e o turismo. Coisa de bilhões de reais.

As trapalhadas do governo Bolsonaro sugerem que será difícil levar aos tribunais os responsáveis pelo derramamento. O mais provável é que o custo social e econômico da descontaminação recaia sobre os brasileiros. Neste sentido, o pior, sem dúvida, ainda está por vir.

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