Ano novo, velha caminhada

O trabalhador paulistano já amanhece com uma nova dor de cabeça neste primeiro dia de 2020 —e não é de ressaca. As tarifas de ônibus, metrô e trens da CPTM subiram hoje de R$ 4,30 para R$ 4,40. Já a integração com o Bilhete Único foi de R$ 7,48 para R$ 7,65.

Passageiras embarcam em ponto de ônibus na rua Quirino de Souza com a rua do Bosque, na zona oeste - Rivaldo Gomes/Folhapress

É verdade que o reajuste das passagens, de 2,33%, ficou abaixo da inflação. Se fosse seguir o IPCA acumulado de 2019, o valor seria de R$ 4,44. 

Por outro lado, no ano passado, a alta da tarifa com o prefeito Bruno Covas (PSDB), que pulou de R$ 4 para R$ 4,30, havia sido calculada acima da inflação. Na ocasião, a gestão disse que se tratava de uma reposição por anos anteriores em que não houve o aumento. As gratuidades estão mantidas.

Há quem diga que as eleições municipais de 2020 ajudaram na definição de um reajuste mais suave. O fato, porém, é que R$ 4,40 é dinheiro para muita gente.

Que o diga quem mora em Heliópolis, na zona sul. É na maior favela da capital que mais pessoas andam a pé por causa das gastos com transporte, revela a pesquisa Origem e Destino do Metrô. 

De cada 10 moradores que caminham para se deslocar no bairro, 3 fazem essa escolha por causa do preço da condução. São quase 15 mil pessoas, inclusive estudantes, que encaram quilômetros de travessias diariamente. A diferença no fim do mês ajuda nas despesas da casa.

Assim como em Heliópolis, milhares por toda a cidade vão a pé para o trabalho ou a escola por falta de grana.
A tarifa poderia ser mais baixa se os contratos com os empresários de ônibus fossem mais favoráveis aos cofres públicos e se houvesse um sistema mais integrado e inteligente, com a priorização de corredores exclusivos.

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