Errou quem apostou que Jair Bolsonaro aproveitaria o feriado do Carnaval para, em benefício do próprio governo, acalmar os ânimos. O presidente, isso sim, pôs mais fogo na fervura de movimentos radicais que planejam uma grande manifestação no próximo dia 15.
Na tentativa de promover o ato, o que há de pior no bolsonarismo espalha mensagens com ataques ao Congresso. As gangues digitais também exaltam os militares e pedem sua intervenção. Ainda que restrito a uma minoria, trata-se de golpismo de extrema direita.
Os aloprados foram atiçados pelo ministro Augusto Heleno (Segurança Institucional) --um general da reserva que acusou parlamentares de chantagem.
Na terça (25) soube-se que o próprio presidente, pelo WhatsApp, conclamou aliados a participarem dos protestos. O argumento de que se trata de uma questão privada não convence --Bolsonaro sabe bem a gravidade do que divulgou.
O líder máximo da nação continua demonstrando desprezo às instituições, sem falar das violações à honra, ao decoro e à dignidade para o exercício da Presidência da República. Talvez só mesmo o medo do impeachment possa deter essa perigosa aventura.
O script é sempre o mesmo: estocadas na democracia seguidas de recuos táticos. Mas isso não aparenta obedecer apenas à necessidade de desviar a atenção de temas espinhosos, como a proximidade com milicianos, as lambanças de seus filhos ou a incompetência de seu governo em fazer a máquina funcionar.
Agindo assim, Bolsonaro parece testar os limites da República. Passar a mão na cabeça de quem incentiva e pratica a brutalidade nunca foi um método eficaz de defender o regime das liberdades.
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