O panorama desolador da educação básica brasileira, a cidade de Sobral, no interior do Ceará, se destaca há anos como um exemplo de sucesso.
De 2007 para 2017, o índice de desenvolvimento (Ideb) de seus alunos nos anos iniciais do ensino fundamental aumentou em 86%, da nota 4,9 para 9,1. É a mais alta entre todas as cidades do país. Isso se mantém até os anos finais do fundamental —os estudantes nessa fase tiveram nota média de 7,2.
O sucesso é resultado de anos de políticas públicas bem feitas, como a priorização da alfabetização na idade certa, treinamento adequado dos professores, bônus financeiro para docentes e escolas com bom desempenho e autonomia para os diretores. Ações voltadas à primeira infância também colaboraram para esses marcos, segundo reportagem publicada no jornal “O Globo”.
Um estudo da UFRJ mostrou que políticas de apoio às famílias sobralenses desde o pré-natal permitiram melhor desenvolvimento cognitivo às crianças. Assim, elas já entravam na escola com conhecimento acima da média.
Os pesquisadores descobriram que, aos 4 anos de idade, 74% delas já sabiam reconhecer a maioria das letras. 12% conseguiam ler palavras simples e 3% liam frases simples —habilidades que, pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), são esperados apenas no início do fundamental.
Os dados reforçam que não basta apenas dinheiro para recuperar o tempo perdido na educação, embora o financiamento desigual seja um dos maiores problemas. É importante mirar, também, iniciativas locais que encaram a educação como parte de uma política mais ampla de bem-estar social.
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