Fábio Carille procura ser o mais sincero possível, mesmo que isso provoque muitas críticas. Sem meias palavras, o comandante corintiano detalhou a situação do seu elenco e o que pode mudar a curto prazo: o cenário não é nada animador.
A começar pela preparação para o retorno ao Brasileirão. O treinador esperava testar, neste sábado, no amistoso contra o Botafogo, às 20h, em Ribeirão Preto, a versão de uma equipe mais agressiva, como é o seu desejo e dos torcedores, para que o Timão consiga aumentar o número de gols.
“Durante a folga, estive na casa dos meus pais em Sertãozinho-SP para elaborar muita coisa e quando cheguei foi totalmente diferente. Já perdi uma semana, iria repetir Clayson e Everaldo juntos e não estou conseguindo. Isso faria com que fôssemos mais agressivos, para incomodar [os rivais]. Meio que estacionou. Temos um time bom, mas faltam três cerejas [reforços] para que seja [time] diferenciado”, disse Carille.
Na avaliação dos preparadores físicos, os atacantes Clayson e Everaldo não estão no patamar físico ideal. Os dois estão fazendo um trabalho especial, e por isso nem participaram dos treinos com bola no gramado.
“Queria testar o Clayson jogando por dentro com Everaldo aberto e não poderei fazer isso. Clayson precisa de cuidados com o joelho e Everaldo se queixou de dores no púbis. Não tem lesão, mas precisa de fortalecimento”, lamentou.
Improviso
Para o confronto no interior, Carille vai apostar em jogadores que são mais criativos do que ofensivos. Mateus Vital e Régis serão, respectivamente, os substitutos dos dois avantes.
“Não consegui fazer muita coisa, porque os jogadores que temos não são de profundidade. Gostam de jogar com a bola nos pés. Vou começar o amistoso com Régis no meio. Jadson fica fora, perdi, também. Não tenho profundidade, Pedrinho e Mateus Vital são meias, jogam com a bola nos pés”, analisou.
Carille usa exemplos de formações anteriores do Timão para mostrar como quer os dois atletas funcionem no esquema tático.
“Dentinho e Douglas eram assim, jogavam atrás do camisa 9. Renato Augusto e Jadson quando eram mais jovens. Rodriguinho... São jogadores que buscam o gol e, assim, te dão mais gols”, analisou o treinador.
Na sequência, Carille faz uma ponderação e avisa que não será de uma hora para outra que a sua equipe mudará as características.
“Nosso time não é de buscar os gols. Por mais que eu treine, vai faltar isso para o Corinthians. Torcedor tem que entender as dificuldades financeiras do clube, não está fácil achar jogador assim”, lamentou.
Reforços
Carille joga a responsabilidade para a diretoria. Ele entende que o Corinthians só terá como brigar em pé de igualdade com times como Palmeiras e Flamengo, considerados os melhores elencos do Brasil, se o clube trouxer “três cerejas”.
“Quero dois jogadores [atacantes] mais agudos, principalmente pela direita. Eu quero, mas isso está longe”, disse Carille, que citou, na sequência, um fracasso na tentativa de repatriar Rodriguinho, que foi para o Cruzeiro.
“A situação era só de venda. Não dá para gastar US$ 6 milhões em um jogador de 31 anos que você não vende mais”, analisou o chefe.
Ao ser questionado se a terceira cereja seria o retorno do zagueiro Gil, que a diretoria afirmou que o acordo está muito próximo, Carille esfriou a negociação.
“Há uma diferença muito grande entre a liberação da China e o acerto com o Corinthians. Precisa ainda de assinaturas de contrato na China, ele é jogador do Shandong e tem contrato até dezembro”, lembrou.
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