Beber, cair e levantar. Viver é adaptar-se. A realidade. Presente. Para continuar a viver. Só por hoje. Ninguém sabe como será o amanhã. Nem quando será o amanhã! Quando será o dia do abraço? Do contato? Do ombro? Do aperto de mão? Do colo? Da troca de fichas?
Viver é um esporte coletivo. Sobreviver, também. Nos ouvimos na boca do outro. O inferno são os outros? O céu também.
Até o amor-próprio conhecemos com ajuda do outro. Erra menos quem aprende com quem já errou demais. As histórias se repetem. Sempre como tragédias. Orgulho com amor se repele.
Na dança da cadeira, quem ensina também aprende. Nunca é só o cafezinho. É a risada que adoça a vida, é a troça do futebol, é a piada gostosa que tempera a vida sem graça, é a dose diária necessária para nos sentirmos, como bichos sociais que somos, parte da sociedade.
Reunião é isso. É a gente xingando um monte de gente por eles mostrarem exatamente como é a gente. Há espaços para risos, choros e aplausos também. Nem o isolamento é uma decisão isolada. Sem o consentimento do outro, o encontro seria inevitável. É preciso do outro para que a gente fique só. Mas não lutemos só.
Nem tudo se resolve com tecnologia. Menos acessível quanto mais avançada é a faixa etária e, pois, maior é o risco do coronavírus. É preciso vibrar com o poder da mente. De quem sabe que é doente. Doença que iguala histórias de vida desiguais. Iguala na dor, iguala no amor.
Sentimento bom não é contagioso como vírus. É decisão. Não se pega, não se passa independentemente da vontade.
Parar de beber é razão direta da tabelinha vontade, ajuda e intencionalidade.
O noticiário lembra, a toda hora, do álcool. Em gel. No isolamento obrigatório, é preciso lembrar de quem luta todo dia contra o incurável vício do álcool líquido. Puro, batido, disfarçado com limão. Não basta lavar as mãos. É preciso não levá-la à boca. Só por hoje, mais 24 horas de serenidade e sobriedade.
Este texto é dedicado a corinthianos, são-paulinos, palmeirenses, santistas, juventinos e lusos anônimos, muitos sem mais relação familiar e que encontram nas reuniões diárias (corretamente interrompidas) com colegas a força para continuarem sóbrios na luta pela vida.
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