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Caneladas do Vitão: A tristeza do Pacaembu tem de ensinar a todos

Que a chocante imagem do Pacaembu ensine que somos todos do time dos seres humanos

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São Paulo

Neste mundo não tem professor, pra matéria do amor ensinar, nem tampouco se encontra doutor, dor de amor é difícil curar... Alô, povão, agora é fé! De todas as tristes imagens da pandemia a que mais me causa tristeza é a do Pacaembu transformado em hospital de campanha, com tendas que me remetem a imagens do clássico filme Platoon. Que tristeza!

Meu primeiro jogo, em 1982, aos 5 anos, com meu pai, de quem herdei o time de coração, foi no Pacaembu. Meu primeiro Dérbi, 3 a 0, fora o baile, em 1987, também. A primeira derrota, idem. As barracas da praça Charles Miller também testemunharam os primeiros porres.

Palco de grandes confrontos do futebol paulista e nacional, o Pacaembu virou um hospital de campanha
Palco de grandes confrontos do futebol paulista e nacional, o Pacaembu virou um hospital de campanha - Nelson Almeida - 27.mar.20/AFP

Tenho histórias pessoais, profissionais, familiares, engraçadas, tristes, inesquecíveis, indiferentes. Memórias com amigos da escola, com colegas da bola, com jornalistas, namoradas, peguetes. Até Fla-Flu, no Pacaembu, eu vi!

Foi lá também o primeiro jogo em que levei o meu filho, Basílio.

A emoção de cobrir, ao lado do irmão, espelho e ídolo, o título da Libertadores do nosso time, foi vivida nesse estádio.

O mesmo Pacaembu em que chorei abraçado de alegria com o caçula Marcos Caju em 2012 é o que, abraçado à mana Marília, chorei, em 2007, na derrota para o Vasco que praticamente selou o rebaixamento corinthiano.

Fiz amizades, abracei desconhecidos, xinguei amigos sentados do outro lado da arquibancada. Antes de entender e execrar racismo e elitismo, foi no Pacaembu que aprendi, na prática, que somos todos iguais. Os palavrões mais gostosos de dizer foram aprendidos no estádio municipal de São Paulo.

Que a imagem triste, chocante e impactante do Pacaembu ensine a minha geração e a do meu filho que todos somos, independentemente da equipe do coração, do time dos seres humanos. E que dependemos uns dos outros.

Vai passar!

José Saramago: "Fisicamente, habitamos um espaço, mas, sentimentalmente, somos habitados por uma memória".

Eu sou o Vitor Guedes e tenho um nome a zelar. E zelar, claro, vem de ZL. É tudo nosso! É nóis na banca!

Vitor Guedes
Vitor Guedes

44 anos, é ZL, jornalista formado e pós-graduado pela Universidade Metodista de São Paulo, comentarista esportivo, equilibrado e pai do Basílio.

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