Meu coração tem um sereno jeito e as minhas mãos o golpe duro e presto, de tal maneira que, depois de feito, desencontrado, eu mesmo me contesto... Alô, povão, agora é fé! “Fiquei muito orgulhoso, muito feliz quando fui convidado para ser, na verdade, o embaixador da Portuguesa no centenário. O ‘título’ é de embaixador.”
A elegância da resposta de João Carlos Martins ao ser questionado por este colunista tosco sobre “a emoção de ser o ‘mestre de cerimônias’ do centenário” luso merece registro. Imagino o maestro, sem perder a classe nem o ritmo da prosa, conversando com os seus botões importados: “Já fui capa do “The New York Times”, “La Repubblica”, “Le Monde”, “Washington Post” e “Der Spiegel”, notícia em mais de cem países e cá estou, ora, pois, dando entrevista para maloqueiro que chama ‘embaixador’ de ‘mestre de cerimônias’, o que não faço pela Lusa?!”
Você só imaginou, maestro. A minha mulher deu na goela. “Mestre de cerimônia? Você é ridículo! Isso porque ele não preparou fondue com queijos e carne para ouvir você dizer que ‘comia mais uns cinco bifões’… O maestro não é o MC Portuga, Vi.”
Deixemos, ô, pá, o bife (sangrando!) e o queijo-quente para lá e, degustando alheiras, sigamos em contagem regressiva para 14 de agosto, data em que a Lusa soprará cem velinhas. Num país que cultiva a monocultura (ora café, ora cana, ora laranja, talkey), inclusive esportiva, João Carlos Martins, reconhecido mundialmente pelo talento como pianista e, agora, pela superação como maestro, é o “Maestro Lusa” da massa. “Muita gente nem sabe o meu nome. Mas sabem o que eu faço: ‘Ô, Maestro, ô, Maestro, e a Lusa?’ Muita gente me pergunta da Portuguesa. Fiquei feliz pelo convite para ser EM-BAI-XA-DOR por isso, sou muito identificado com o clube.”
E é uma relação de mão dupla, já que ele também tem a sua Lusa na ponta da língua: “Muca; Nena e Noronha; Djalma Santos, Brandãozinho e Ceci; Julinho Botelho, Renato, Nininho, Pinga e Simão. Eu adoro o Enéas, o Dener e o Badeco, mas esse time foi um dos dez maiores da história do Brasil. O técnico é o Otto Glória, que era muito meu amigo”.
A escalação verde-encarnada mostra o gosto clássico do maestro, fã de Eça de Queiroz, mas que também tem o pé (41) no popular: “Gosto muito quando a torcida canta ‘é uma casa portuguesa, com certeza’”.
Como não é o MC Portuga nem um carregador de piano de um time qualquer, o papo com o EM-BAI-XA-DOR do centenário luso continua amanhã (14).
Eça de Queiroz: “É o coração que faz o caráter”.
Sou o Vitor Guedes e tenho um nome a zelar. E zelar, claro, vem de ZL. É tudo nosso! É nóis na banca!
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