O Campeonato Brasileiro está deixando de despertar o interesse no público por não passar credibilidade. Enquanto não for provado que é impossível um hacker invadir o sistema da CBF e fazer todo o respeitável público de idiota alterando a classificação final, todos os placares estão sob suspeita.
Como acreditar que o Flamengo venceu a edição de 2020 se a classificação final oficial foi promulgada eletronicamente no site da CBF? Sem a publicação dos 380 resultados das 28 rodadas em editais impressos rodados em mimeógrafos, para que os fiscais dos 20 times, munidos daqueles contadores usados no primário em aulas de matemática, não dá para ter certeza que o Flamengo fez mais pontos, por exemplo, que o rebaixado Vasco. Ou o contrário: quem não garante que o Flamengo não foi campeão já no primeiro turno e o resultado só foi promulgado na última rodada porque a tabela virtual foi fraudada? Se o Brasileirão não tivesse sido roubado, alegam alguns rubro-negros, o Fla teria sido campeão antes mesmo de o certame começar.
O que não resta dúvida é que, até 2018, era possível garantir a lisura do campeonato escalando um juiz ladrão (oficialmente, "suspeito", segundo o STF) para prender o líder isolado e disparado do torneio. Depois, era só transformar, às claras, sob aplausos cúmplices de torcida e crítica, esse mesmo juiz picareta em integrante do time que herdou o título. O resultado era fabricado, publicado, aceito e ninguém questionava o legítimo campeão, talkey.
De 2018 para cá, no entanto, a tecnologia, como tudo, evoluiu. Não dá para se garantir mais só na canetada escandalosa de ex-juiz ladrão. É preciso que os resultados de campo, batidos a máquina, sejam publicados e impressos pelo time da casa.
A verdade, que só vê quem muge com o cabresto, é que só vamos ter um Campeonato Brasileiro limpo se o resultado só for impresso após a última rodada e o meu time for campeão, com o resultado auditado e, pois, incontestável, pela torcida organizada do meu clube.
O aviso está dado. Queremos, sim, Campeonato Brasileiro. Mas com meu time campeão na mão grande, o líder eliminado no STJD e os resultados, todos assinalados, em papel almaço e três vias de carbono, afixados com tachinhas para não correr o risco de caírem no painel de entrada do prédio da CBF.
Jean-Jacques Rousseau: "As injúrias são as razões dos que não têm razão".
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