Associações recomendam mudar horário de trabalhador para conter pandemia

Nove entidades do setor produtivo de SP se mostraram favoráveis às medidas sugeridas pelo governador João Doria e orientam seus associados

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São Paulo

Ao menos nove entidades que representam setores com atividades essenciais se posicionaram favoráveis ao escalonamento de horário de seus trabalhadores proposto pelo Governo do Estado de São Paulo como forma de minimizar a aglomeração no transporte público e recomendam que seus associados sigam as medidas.

Em entrevista coletiva na última quarta-feira (17), Paulo Menezes, coordenador do Centro de Contigência da Covid-19 em São Paulo, afirmou que o apoio de nove entidades representantes dos setores de alimentação, têxtil, de comércio e serviços, químico, plástico, de beleza, automotivo e de telesserviços pode impactar cerca de 3,7 milhões de trabalhadores.

Movimentação na estação Luz do Metrô, na fase emergencial da quarentena - Rivaldo Gomes- 15.mar.2021/Folhapress

Dentre as ações do Plano Emergencial contra a pandemia, a gestão de João Doria (PSDB) propôs que, durante a fase emergencial, os horários de entrada e saída dos profissionais que trabalhem presencialmente em atividades essenciais seja escalonado, conforme o setor de atividade.

Veja os horários sugeridos:

Setor Entrada Saída
Trabalhadores da indústria Entre 5h e 7h Entre 14h e 16h
Trabalhadores de serviços Entre 7h e 9h Entre 16h e 18h
Trabalhadores do comércio Entre 9h e 11h Entre 18h e 20h

Porém o que Apas (associação dos supermercados), Anfavea (associação dos fabricantes de carros), Fenabre (federação dos distribuidores de veículos), FecomercioSP (de comércio, serviços e turismo), ABT (associação do telesserviço), Sinditextil (sindicato dos têxteis), Abipla (do setor de higiene), Abiplast (de plásticos) e Abiquim (associação química) podem fazer é recomendar que as empresas ligada a elas sigam as regras.

Por não se tratar de norma legal, não há obrigatoriedade de adesão por parte das empresas e nem punição para quem não cumprir as medidas. No entanto, há quem acredite ser necessário que o setor produtivo paulista contribua neste momento de crise sanitária.

"A Fecomercio acredita que os empresários que puderem colaborar com o escalonamento vão prestar excelente contribuição ao país minimizando a aglomeração nos transportes públicos e, com isso, diminuindo a taxa de contaminação da Covid-19", diz Fábio Pina, assessor econômico da FecomercioSP.

Supermercados aderiram

A Apas, dos supermercados, informa que atendendo à solicitação do governo, orienta aos seus supermercados associados da região metropolitana de São Paulo que escalonem a jornada de trabalho de seus colaboradores a fim de diluir o fluxo de pessoas no transporte público, filas e plataformas.

A associação diz que 56% dos colaboradores do setor que se locomovem de transporte público no horário de pico " estarão diluídos entre as 5 e 9 horas da manhã", informa nota da entidade. O percentual representa um total de 165.094 pessoas. "Os outros 44% dos trabalhadores do setor supermercadista (129.716 pessoas) já são escalados em turnos alternativos", afirma o texto.

Segundo Paulo Menezes, já houve redução de 61% no número de passageiros de trem, metrô e ônibus na região metropolitana de São Paulo em relação aos dados de antes do começo da pandemia da Covid-19.

Ele lembrou ainda que o indicador de isolamento social apresentou alguma melhora nas primeiras 48 horas de implementação das restrições da fase emergencial: 43% na segunda-feira (15) e 44% na terça-feira (16), mas diz que a meta é chegar a 50% de isolamento social, por isso, pede a adesão de mais setores.

Sindicatos recebem reclamações

Mesmo com as sinalizações de escalonamento por parte de entidades produtivas que estão funcionando por se tratar de serviços essenciais, as imagens de transporte público lotado continuam se repetindo. Além disso, os sindicatos começaram a receber diversas reclamações de trabalhadores que não foram orientados a mudar o horário de seus turnos e temem ser contaminados.

Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores), afirma que, em conversa com o governador João Doria, representantes de vários sindicatos solicitaram uma reunião com a gestão para tratar do assunto e esperam ser recebidos na próxima semana.

"O transporte público é o gargalo da pandemia. Chegam até nós relatos de vários trabalhadores que não estão fazendo horários escalonados e, sem saída, acabam tendo que conviver com as aglomerações nos transportes públicos", explica.

"Esperamos que, na próxima semana, o governador nos receba e que consigamos propor algumas soluções para essa situação, pois não teremos diminuição da contaminação com o transporte lotado dessa forma", diz ele.

Feriado e rodízio

A fim de aumentar o isolamento social, diminuir a lotação em ônibus, trens e metrôs e o número de mortes e casos de covid-19 na cidade de São Paulo, nesta quinta-feira (18) o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), anunciou que irá alterar os horários do rodízio municipal de veículos.

A medida tem como objetivo fazer com que os cidadãos dependam menos do transporte público nos horários de pico, além de provocar a diminuição na circulação de pessoas pela cidade no período noturno. A partir da próxima segunda-feira (22), o rodízio passa a funcionar das 20h até as 5h do dia seguinte.

As medidas foram divulgadas durante coletiva de imprensa que anunciou também a antecipação de cinco feriados municipais durante os dias 26 de março e 1º de abril. O objetivo é reduzir o número de pessoas em circulação pelas ruas.

Serão antecipados outros dois feriados municipais que ainda estavam previstos para 2021 (Corpus Christi e Consciência Negra) e os três de 2021 (incluindo o aniversário da cidade no dia 25 de janeiro).

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