Votação de projeto que muda regras no funcionalismo de SP é adiada

Discussão na Assembleia Legislativa deve ser retomada na semana que vem

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Flavia Kurotori
São Paulo

A Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) adiou a votação do PLC (Projeto de Lei Complementar) 26, que altera diversas regras do funcionalismo público estadual. A expectativa é que o debate seja retomado na semana que vem em sessão com três horas e meia de duração.

A discussão do projeto iniciou na noite desta terça-feira (21), porém, após pouco mais de duas horas, os deputados decidiram suspender a segunda sessão extraordinária que estava prevista. Ao menos 200 emendas foram acrescentadas pelos deputados.

Servidores fizeram manifestação na tarde desta terça (21) contra o PLC 26
Servidores estaduais fizeram manifestação na tarde desta terça (21) contra o PLC 26 - Mathilde Missioneiro/Folhapress

O texto foi enviado em regime de urgência pelo governador João Doria (PSDB) para apreciação dos parlamentares em agosto. O projeto altera pontos como bonificação por resultado, acaba com a possibilidade de faltas abonadas e cria regra para contratar servidores temporários em caso de greve, dentre outros.

​O parlamentar Raul Marcelo (PSOL) afirmou que o PLC 26 será levado ao STF (Supremo Tribunal Federal) para discussão, uma vez que há pontos considerados inconstitucionais no texto.

Veja outras duas reformas recentes no funcionalismo público do estado de São Paulo:

Mudanças previstas

A criação da bonificação por resultados é uma das principais alterações. O método já é usado em algumas secretarias. O modelo prevê o pagamento de bônus aos servidores de órgãos públicos e autarquias que avancem na carreira entre um ano e outro.

A deputada Maria Izabel Azevedo Noronha, a professora Bebel (PT), assinalou que o modelo pode viabilizar a perseguição e o favoritismo de alguns servidores em detrimento de outros.

Outra medida é a alteração da lei 1.093, de 16 de julho de 2009, que trata sobre a contratação de temporários no estado de São Paulo, incluindo professores. Se for aprovada, a nova regra permite contratar servidores por motivos de calamidade pública, greve que “perdure por prazo não razoável” ou que seja considerada ilegal pela Justiça.

Na avaliação de deputados da oposição, a medida é ilegal porque fere o direito de greve dos servidores, além de precarizar a relação de trabalho, uma vez que os trabalhadores temporários não têm estabilidade e não é concursado.

Professores temporários poderão ser contratados em caso de greve de servidores, diz o texto
Professores temporários poderão ser contratados em caso de greve de servidores, diz o texto - Rivaldo Gomes/Folhapress

O PLC coloca o fim às faltas abonadas --atualmente, os servidores podem ter até seis faltas abonadas por ano, sem a necessidade de apresentar documento legal justificando a ausência.

O texto extingue o reajuste do adicional de insalubridade com base no IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) --estimativa de redução de 40% nos ganhos, chegando a 50% no caso dos funcionários da saúde-- e revoga a possibilidade de pagamento dessa "vantagem" nos afastamentos por meio de licença-prêmio.

O PLC também cria a CGE (Controladoria-Geral do Estado), congregando as funções de auditoria, ouvidoria, corregedoria e controladoria "tal como se dá no âmbito federal com a CGU [Controladoria-Geral da União]", diz o texto.

"Ao criar a CGE, [o governo] está humilhando a PGE [Procuradoria-Geral do Estado], criando cargos que fazem atividades inerentes à PGE. Há muito tempo não vejo um projeto tão hipócrita quanto este", afirmou o deputado Campos Machado (Avante).

Servidores fizeram manifestação contra projeto

Na tarde desta terça, servidores protestaram contra o PLC 26. Eles pediam que os deputados retirassem o texto da pauta de hoje. O ato começou por volta das 15h com a participação de sindicatos representantes dos funcionários públicos e deputados da oposição.

Maria Lúcia de Almeida, segunda vice-presidente do CPP (Centro do Professorado Paulista), classificou que os funcionários públicos estão sendo massacrados pelo governo estadual e que o PLC 26 tira "os poucos direitos que os servidores têm".

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