A carreira de Fernanda Montenegro tem sido celebrada nos últimos dias em razão de seus 90 anos, a serem completados no próximo dia 16. Com 70 anos dedicados ao teatro, ao cinema e à televisão, o talento da principal atriz brasileira não cabe em adjetivos nem em obviedades. Neste espaço, vou lembrar alguns dos filmes aos quais Fernanda emprestou sua arte, muitos deles fundamentais na história do cinema brasileiro.
A começar por "A Falecida", de 1965, sua estreia no cinema. O filme, dirigido por Leon Hirszman, é uma adaptação da peça homônima de Nelson Rodrigues. Contracenando com Paulo Gracindo, ela interpreta uma suburbana carioca que sonha com um enterro luxuoso.
Fernanda voltou a trabalhar com Hirszman em "Eles Não Usam Black-Tie", filme que ganhou o Leão de Ouro do Festival de Veneza em 1981. Também baseado em uma peça, desta vez de Gianfrancesco Guarnieri, o longa mostra os conflitos entre um pai sindicalista (Guarnieri) e o filho que se recusa a aderir a uma greve. Fernanda é a mulher do personagem de Guarnieri.
O final reserva uma das cenas mais comoventes do cinema brasileiro: abalados com a ruptura com o filho e a morte de um amigo, o casal formado por Fernanda e Guarnieri, em silêncio, começa a escolher feijão. Não há diálogo, apenas uma voz ao longe e o barulho do feijão caindo na panela.
Além de Hirszman, Fernanda trabalhou com outros importantes diretores brasileiros. Com Arnaldo Jabor, fez "Tudo Bem", de 1978, novamente ao lado de Paulo Gracindo. Em 1973, dublou Jeanne Moreau na versão em português de "Joana Francesa", de Cacá Diegues. E fez parte do elenco de "A Hora de Estrela", dirigido por Suzana Amaral.
Em 1998, "Central do Brasil", de Walter Salles, mostrou ao mundo o que nós, brasileiros, já conhecíamos: o talento de Fernanda. A atriz foi indicada ao Oscar naquele ano. No filme, ela interpreta uma professora aposentada amargurada que lança-se em uma viagem pelo sertão do Brasil ao lado do menino Josué. Aos poucos, a esperança e a inocência de Josué resgatam Dora desse amargor. Em uma cena memorável, em uma parada à beira da estrada, a personagem vai até o banheiro e passa um batom vermelho. É ela voltando à vida.
E da TV veio o filme "O"‚Auto da Compadecida", versão da minissérie da Globo baseada na obra de Ariano Suassuna. Fernanda interpreta Nossa Senhora, no tribunal a que João Grilo, o personagem de Matheus Nachtergaele, é submetido.
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Para a agenda: no dia 13 de novembro, o MIS (Museu da Imagem e do Som) abre a exposição "Musicais no Cinema". Concebida pelo Musée de la Musique de Paris, a mostra trará fotos, vídeos, figurinos, entre outros, em uma viagem por este gênero do cinema. Os ingressos custam R$ 15 (meia) e R$ 30 (inteira) e estão à venda no site sympla.com.br.
ONDE VER
A FALECIDA
Cinemateca Brasileira: DVD disponível para assistir gratuitamente na biblioteca*
TUDO BEM
Cinemateca Brasileira: DVD disponível para assistir gratuitamente na biblioteca*
NOW: aluguel por 6,90
ELES NÃO USAM BLACK-TIE
Cinemateca Brasileira: DVD disponível para assistir gratuitamente na biblioteca*
NOW: aluguel por R$ 6,90
CENTRAL DO BRASIL
NOW: aluguel por R$ 6,90
livrariacultura.com.br: DVD por R$ 44,90 e blu-ray por R$ 54,90
O AUTO DA COMPADECIDA
iTunes: R$ 4,90 (aluguel e compra)
NOW: aluguel por R$ 6,90
Microsoft Store: R$ 4,90 (aluguel) e R$ 19,90 (compra)
americanas.com.br: DVD por R$ 19,99
OLGA
Cinemateca Brasileira: DVD disponível para assistir gratuitamente na biblioteca*
Looke: R$ 4,99 (aluguel) e R$ 19,99 (compra) Microsoft Store: R$ 4,90 (aluguel) e R$ 19,90 (compra)
NOW: aluguel por R$ 6,90
RENDENTOR
Cinemateca Brasileira: DVD disponível para assistir gratuitamente na biblioteca*
Globoplay: grátis para assinantes
NOW: aluguel por R$ 6,90
(*)"‚a Cinemateca Brasileira fica no largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Clementino. A biblioteca funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h.
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