O número de pacientes atendidos no pronto-socorro do Hospital do Servidor Público Municipal, sob gestão Bruno Covas (PSDB), na Liberdade (região central), caiu 13% nos quatro primeiros meses deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado.
O pronto-socorro é aberto ao público, com atendimento pelo SUS, apesar de o hospital ser voltado ao funcionalismo público.
Segundo dados obtidos via Lei de Acesso à Informação, o número de consultas entre janeiro a abril de 2018 foram 46.082. Já no mesmo período deste ano foram 40.095. Em fevereiro deste passados foi registrado o menor número de atendimentos: 9.148 (veja mais números abaixo).
Para o especialista em saúde pública Gonzalo Vecina Neto, como não é uma queda expressiva, é necessário observar os próximos meses para ver se a redução se mantém. "O paciente que vai a um pronto-socorro quer ser atendido, mesmo que demore 10 ou 12 horas. Mesmo que tenha poucos médicos, eles não desistem. Por isso, temos que observar os próximos meses", afirma.
A redução do número de atendimentos não resultou na melhora no serviço aos pacientes que estavam na manhã desta sexta-feira (17) no pronto-socorro do hospital. Eles reclamaram da demora e da falta de médicos.
Entre 11h e 13h, havia dois funcionários para atender 22 pessoas que esperavam na triagem. Outras 45 aguardavam para passar em consulta. Segundo atendentes da recepção, três médicos estavam trabalhando naquele horário. No entanto, a reportagem só viu dois.
A professora Celina da Silva, 45 anos, chegou ao pronto-socorro às 8h30 com dor e febre e só foi atendida em um consultório médico às 11h35. No entanto, às 13h, ainda não havia recebido nenhuma medicação.
"Eu vou ter que esperar mais três horas para fazer os exames e mais três para receber os resultados, não sei quando vou voltar para casa hoje", afirma Celina.
Espera
O técnico de enfermagem Edson Pereira da Silva, 55 anos, teve que esperar com paciência pelo atendimento no pronto-socorro do Hospital do Servidor Municipal na manha desta sexta-feira, quando demorou três horas e quarenta minutos para ser atendido no pronto-socorro.
"A demora piorou pois uma série de médicos se demitiram do hospital nos últimos meses, principalmente nas áreas de oftalmologia e ortopedia", disse ele.
A funcionária pública Marta Fonseca da Silva, 64 anos, não pôde ser atendida por falta de neurologista. Ela sofreu um AVC (acidente vascular cerebral) há quatro anos e, na última semana, teve uma convulsão.
Após esperar cerca de três horas no pronto-socorro, recebeu uma guia para fazer exames, mas teria que retornar ao local no dia seguinte para receber atendimento do especialista.
O tempo médio que uma pessoa espera no pronto-socorro para receber o tratamento completo é de sete a oito horas, segundo os pacientes que aguardavam por atendimento na manhã de ontem no pronto-socorro do hospital.
Resposta
A Superintendência do Hospital do Servidor Público Municipal, da gestão Bruno Covas (PSDB), disse que não há estudo que indique o motivo da redução. Fala que o pronto-socorro funciona de portas abertas, que a queda pode estar relacionada com as campanhas de prevenção e atendimentos em UBSs e UPAs. "Mas podemos afirmar que não foi por redução de oferta de atendimento", diz.
Segundo a entidade, o tempo médio de espera até as 15h foi de 20 minutos até a classificação de risco. Segundo o hospital, três médicos estavam no plantão. O hospital disse que as demissões ocorrem devido ao fim dos contratos emergenciais. Sobre a paciente Celina, disse que o caso não era urgente.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.