Lei federal proíbe, mas poucos motoristas obedecem. Motivo que fez as multas por uso de celular ao volante na capital ocuparem a liderança no primeiro trimestre deste ano entre as aplicadas manualmente, além de aumentarem 2% em relação ao mesmo período em 2018.
De janeiro a março, foram 83.007 infrações aplicadas pelos agentes de trânsito da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), da GCM (Guarda Civil Metropolitana) e da Polícia Militar. Em 2018, houve 81.352 registros.
Neste caso, com a somatória dos três enquadramentos previstos pelo artigo 252 do CTB (Código de Trânsito Brasileiro): dirigir veículo, manuseando, segurando ou utilizando-se do smartphone.
As duas primeiras infrações classificadas como gravíssimas, inclusive, representam a perda de sete pontos na carteira de habilitação, além de prejuízo no bolso de R$ 283,47.
“Aumentou, mas o número é muito abaixo do total real de infrações que os motoristas cometem diariamente por uso do celular na cidade. Na prática, representa um dos 6.400 cruzamentos com semáforos em São Paulo”, diz Horácio Augusto Figueira, mestre em engenharia de transportes pela USP (Universidade de São Paulo).
Com base nos dados do portal Mobilidade Segura da prefeitura, o especialista aponta que em média são aplicadas 58 multas por hora na cidade, de todas as infrações de trânsito.
Crítico, Figueira diz que o foco dos agentes da CET tem de mudar para infrações que colocam em risco à segurança de pedestres e condutores, caso do uso de celulares. “É mais importante do que multar carro estacionado ou placa em dia de rodízio.”
Uso de celular ao volante dá multa a cada dois minutos
Diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, Geraldo Gutemberg Soares Júnior, aponta que o uso do celular ao volante é a terceira causa de morte no trânsito, atrás do álcool e do sono. “As pessoas não têm noção do perigo”, diz.
Flagrantes
Motoristas que dirigiam, falavam, manuseavam ou seguravam foram flagrados, inclusive, em frente às unidades dos órgãos fiscalizadores do trânsito na capital.
Somente em frente a sede da 2ª Companhia de Trânsito do 1º Batalhão da Polícia Militar, no Butantã (zona oeste da capital paulista), 293 infrações foram anotadas pelos policiais militares aos motoristas que manuseavam seus smartphones irregularmente.
O condutor distraído também teclou seu aparelho celular nada mais, nada menos, do que na frente de um posto da Guarda Civil Metropolitana, localizado na avenida do Estado, 680, no Bom Retiro (região central). Ali, foram registradas 265 multas entre janeiro e março deste ano.
No item de infração de segurar o celular ao volante, foram 274 multas aplicadas nos motoristas que circularam bem em frente a uma das unidades da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), localizada na avenida das Nações Unidas, 7.203, em Pinheiros (zona oeste). Neste caso, 274 multas aplicadas manualmente pelos agentes de trânsito que nem precisaram sair da sede da empresa.
“O uso do celular tornou-se algo inexplicável. A direção exige atenção do motorista. Não temos neurônios suficientes para fazer duas coisas ao mesmo tempo quando dirigimos”, afirma o médico Geraldo Gutemberg Soares Júnior, especialista em medicina de tráfego.
Resposta
A Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), diz que a Secretaria Municipal de Transportes e Mobilidade Urbana e a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) realizam campanhas de conscientização em veículos de comunicação e nas redes sociais sobre o risco do uso do celular enquanto se conduz.
Sobre o alto número de infrações aplicadas em frente aos órgãos da área, afirma que “os agentes mantêm fiscalização diária nas ruas da cidade”.
A Secretaria Estadual de Segurança Pública, gestão João Doria (PSDB), diz que o comando do policiamento de trânsito atua em toda a capital, inclusive com ações educativas para tornar o trânsito mais seguro, entre elas, os perigos do uso de celulares na direção e o consumo de bebidas alcoólicas antes de dirigir.
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