Insegurança e falta de cuidados afetam cemitérios de SP

Visitantes reclamam de problemas de manutenção e de acessibilidade

São Paulo

Apontado pelo próprio prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), como o pior serviço oferecido pela sua gestão, o sistema funerário está longe de ter seus problemas solucionados.

O Vigilante Agora visitou cinco cemitérios em todas as regiões da capital paulista, além do crematório da Vila Alpina (zona leste), na última segunda (2). E apesar da melhora no quesito limpeza, os problemas de manutenção se repetem, devido a furtos de grades e placas de metal. 

Muitas sepulturas, jazigos e ossários estão abertos ou danificados.

Além disso, após um dia chuvoso, como no último dia 1º, com raras exceções o frequentador deixaria de sujar o pé de barro ou lama. 

E, no caso do cemitério da Vila Formosa (zona leste), o maior da capital, isso é praticamente inevitável, já que alamedas e vielas entre os túmulos são de terra. Obviamente, a acessibilidade nestas condições também fica comprometida.

Para quem vai ao cemitério, o pior, no entanto, é a sensação de insegurança, o que é compartilhado por frequentadores de outros cemitérios da cidade, independentemente da região. 

“Só vim aqui hoje porque meu filho está me acompanhando e eu já tinha marcado com o pedreiro para vir arrumar o ossário. Mas é só dar uma olhada em volta que você não vê ninguém. Já ouvi muita história de roubos e de pessoas usando drogas aqui dentro”, disse a aposentada Odete Ocubaro, 65 anos.

Visitas inesperadas também são corriqueiras nos cemitérios, até mesmo nos mais frequentados como o do Araçá, na avenida Dr. Arnaldo (centro). O Vigilante Agora flagrou uma moradora de rua se banhando seminua em uma torneira localizada a poucas dezenas de metros da edificação onde estão os velórios.

Não são incomuns ainda relatos de funcionários que costumam encontrar pelas manhãs pessoas dormindo nas gavetas, onde deveriam ser depositados os caixões, mas que estão abertas e abandonadas.

A falta de vigilância pode ser considerada ainda uma ameaça a um patrimônio cultural que está à disposição no cemitério da Consolação (centro), uma espécie de galeria a céu aberto, com esculturas em bronze, pedra-sabão, mármore, além de mausoléus suntuosos e até uma mini-catedral gótica em mármore carrara.

Resposta

A Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), afirma que trabalha no projeto de concessão dos cemitérios e do Serviço Funerário Municipal à iniciativa privada com o objetivo de melhorar a qualidade dos serviços prestados.

Sobre a falta de segurança, a Guarda Civil Metropolitana diz que, “neste ano, foram feitas 5.739 rondas nos cemitérios, funerárias e velórios para proteção ao patrimônio público. No período, 41 pessoas foram encaminhadas a distritos policiais. Com as ações, a GCM recuperou 20 estátuas e 1.053 peças de bronze, em 28 ocorrências registradas. Além disso, em conjunto com a PM, faz rondas nos entornos.”

Em relação à falta de pavimentação no cemitério Vila Formosa, a prefeitura diz que já foi feita a medição das ruas e o projeto de recapeamento do asfalto está em estudo. E afirma ainda que a manutenção e identificação dos túmulos e mausoléus são atribuição dos concessionários.

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