Carta atribuída a facção dá ordem para que promotor e seguranças sejam mortos

Atentados seriam feitos com explosivos adaptados em drones, segundo mensagem da facção criminosa

São Paulo

Agentes penitenciários apreenderam uma carta, no último dia 21, na qual consta a ordem para o assassinato de um promotor do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público, e de seus seguranças.

O documento, atribuído à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), foi encontrado com um preso da penitenciária Silvio Yoshihiko Hinohara”, conhecida como P1, em Presidente Bernardes (580 km de SP).  

Segundo a carta, à qual a reportagem teve acesso, o promotor Lincoln Gakiya deveria ser morto na semana em que a mensagem foi apreendida no sistema carcerário. “A causa é justa e a luta é nobre. Este lixo de promotor da [sic] Gaeco ten q morrer”, diz trecho da mensagem. 

 
Marcola, chefe de facção criminosa PCC, e mais 21 presos são transferidos para penitenciárias federais. Os presos estavam na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau e em Presidente Bernardes, no interior do estado - Reprodução - 13.fev.19/TV Globo

O documento ainda menciona dois endereços, em Presidente Prudente (558 km de SP), em que estariam guardados drones e explosivos adaptados, que seriam usados no eventual atentado contra o promotor e seus agentes de escolta. O ataque, ainda segundo a carta, seria feito por criminosos, ligados à facção, que vivem na Bolívia e Paraguai. Um vídeo feito com celular mostra um drone sobrevoando a casa do promotor, na semana passada. “Quase toda semana tem um drone em cima da minha casa”, afirmou o promotor. 

Gakiya afirmou ao Agora que, desde 2006, é protegido por seguranças armados, por conta de sua atuação contra o crime organizado. Porém, desde dezembro do ano passado, quando ele havia recebido outra carta, sua segurança foi reforçada.

Isso aconteceu, acrescentou o promotor, desde que ele solicitou as transferências das lideranças do PCC para presídios federais. Elas ocorreram em fevereiro deste ano, incluindo a de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola,  apontado como líder máximo da organização criminosa.

“De lá para cá aprendemos diversas mensagens e cartas, por parte do Marcola e lideranças do PCC, para que tanto eu como outros responsáveis pelas transferências aos presídios federais pagássemos com nossas vidas”, acrescentou o promotor. Apesar das ameaças, ele afirmou que seu trabalho continua “sem recuar”. “Outras ameaças virão”, afirmou Gakiya. 

Após a primeira carta, Marcola foi ouvido por promotores e delegados na penitenciária de Presidente Venceslau, antes da transferência, e negou ter dado a ordem para matar o promotor.

Advogada suspeita 

O preso flagrado com a carta dando ordens para matar o promotor iria entregar o documento, segundo o MP, para uma advogada.

Essa mulher, que não teve a identidade informada, realizou 196 atendimentos a presos, em duas unidades prisionais do interior, entre 5 de agosto e esta quarta-feira (30). “Vamos investigar se há relação profissional entre ela e os presos, quem paga para ela. Vamos verificar se há envolvimento dela com a organização criminosa”, acrescentou o promotor. 

Apreensões 

Na semana em que a carta foi apreendida, dois mandados de busca e apreensão foram expedidos e cumpridos, em Presidente Prudente, com o intuito de localizar e apreender armas, drones e os explosivos mencionados na mensagem do PCC. 

Em um dos endereços, onde mora a mulher de um suposto membro da facção, foram apreendidos cadernos e mensagens que serão analisados pelo MP e pela polícia. A mulher não foi presa. 

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