Três policiais militares foram presos por volta das 6h desta quarta-feira (2) acusados de participação em um duplo assassinato, ocorrido em julho do ano passado na região da Brasilândia (zona norte da capital paulista). O trio foi detido em cumprimento a mandados de prisão temporária, de 30 dias, expedidos pela Justiça.
Segundo o coronel Marcelino Fernandes, comandante da Corregedoria da PM, a investigação do caso começou em março deste ano, quando a ex-namorada de um soldado de 30 anos procurou o órgão para fazer uma denúncia.
"Ela disse [na ocasião] que o policial lhe falava sobre pessoas que teria matado quando saía [para a rua]. Quando ela terminou o namoro com o soldado, quis relatar isso [à Corregedoria]", afirmou o coronel.
Após a denúncia da ex-namorada do soldado, a Corregedoria investigou assassinatos que teriam ocorrido na região e data em que ela mencionou em depoimento. A pesquisa indicou que Valdir Francisco de Lima e Wanderson Willame dos Santos, idades não informadas, foram mortos em circunstâncias que endossavam o depoimento da testemunha.
Além das vítimas fatais, outras duas sobreviveram. A PM identificou uma delas e, ao constatar que os crimes foram feitos por suspeitos em trajes civis, acionou o DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa).
O coronel Marcelino disse ainda que o sobrevivente ouvido pela polícia reconheceu pelo tom de voz um dos PMs acusados pelo duplo homicídio, que foi realizado pelos acusados com o uso de toucas ninja.
Em seguida, acrescentou o comandante, mais dois policiais foram identificados. Um quarto PM indicado como suposto participante dos assassinatos foi investigado, mas nenhuma prova contra ele foi encontrada.
Na manhã desta quarta, um cabo do 5º Batalhão, 39 anos, e um soldado do 18º Batalhão, 30 anos, foram presos no momento em que saíam do serviço. O terceiro PM, um sargento da reserva de 50 anos, foi detido em sua casa, na zona norte.
Caso condenados, os dois PMs da ativa podem ser expulsos da corporação. O trio foi encaminhado ao Presídio Militar Romão Gomes.
51 PMs cumprem pena por mortes
Os homicídios são os crimes que mais levaram policiais militares para atrás das grades do Presídio Militar Romão Gomes, na Vila Albertina (zona norte da capital paulista). Até 27 de agosto deste ano, 51 PMs cumpriam pena e 21 aguardavam julgamentos por assassinatos. Os dados são da PM.
Ao todo, 268 policiais estão nas dependências do presídio militar, sendo 159 condenados e 109 aguardando julgamento por diversas acusações. Os crimes mais praticados por PMs já condenados são os homicídios, com 51 casos (32%). Depois estão os 46 condenados por concussão (28,9%), quando o agente consegue vantagem pessoal por conta da função pública, além de 20 policiais condenados por estupro (12,5%).
Dos PMs presos que aguardam julgamento, o delito de organização criminosa lidera o número de prisões, com 34 detentos.
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