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Vândalos atacam ônibus do Fura-Fila com pedras no centro de SP

Veículos estão com portas e janelas danificadas; ataques acontecem na alça da avenida do Estado

Ônibus que circulam pelo Expresso Tiradentes (conhecido como Fura-Fila) estão sendo apedrejados ao passar na região do parque Dom Pedro 2º, na região central de São Paulo.

As pedras são lançadas quando os coletivos saem da estação Parque Dom Pedro e seguem na direção da estação Ana Neri, no Cambuci. Os ataques acontecem sob a alça de acesso da avenida do Estado para a ligação Leste-Oeste e em passarelas.

Vídeos feitos com celular de passageiros mostram janelas quebradas e até o teto dos coletivos danificado por grandes pedras.

O bancário Valdir Olegário, 33 anos, pega a linha 5109-10 (Terminal Mercadão - Vila Prudente) há 11 anos. Ele relata o ocorrido: "O barulho assusta muito, porque parece tiro. Quando olhei para trás, o ônibus inteiro estava aterrorizado, apesar de o vidro não ter quebrado aquele dia", diz.

Em outras ocasiões, segundo relatos, passageiros já ficaram machucados e precisaram de atendimento médico. Um motorista que não quer se identificar conta que o vandalismo não tem hora para acontecer.

"Você está dirigindo e de repente vem pedra por cima ou pela lateral. Tem dias que são mais de três carros quebrados. É realmente insustentável e assusta a gente que só quer trabalhar em paz. Teve passageiro que precisou ser atendido pelo resgate porque a pedra pegou bem em cima", afirma.

Nas plataformas que dão acesso aos ônibus, fiscais confirmam os ataques aos veículos, recomendando cuidado ao viajar.

Por causa insegurança, o SPUrbanuss (Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de SP) solicitou à Guarda Civil Metropolitana que seja feito um patrulhamento no local de onde as pedras são arremessadas. Os danos aos veículos têm comprometido a operação das linhas. A empresa Via Sudeste, que opera os itinerários do Expresso Tiradentes, registrou ao menos cinco boletins de ocorrência dos atos de vandalismo neste mês.

Ataques ocorrem em vários horários

Segundo passageiros, os ataques ocorrem a qualquer hora do dia. Há múltiplos relatos do vandalismo em horários distintos. O Expresso Tiradentes funciona tanto de dia quanto à noite.

As pedras nem sempre caem com força suficiente para perfurar os coletivos. Por isso, é possível vê-las espalhadas no caminho percorrido pelos veículos, acumuladas nas laterais do corredor de ônibus elevado. 

Existem pedras menores, mas também alguns pedregulhos com mais de 10 cm de diâmetro.

Usuários evitam sentar perto da janela

O bancário Valdir Olegário relatou já ter visto pessoas se jogando no chão do ônibus ao ouvir o barulho das pedras atingindo o coletivo. A semelhança era com tiros, dada a velocidade de aproximadamente 50 km/h e a força do impacto. Desde então, ele evita sentar na janela por medo.

Passageiros registraram o momento em que, neste mês, uma pedra de porte grande foi arremessada de cima do viaduto e chegou a perfurar o teto. Um buraco se abriu e a rocha caiu em frente a um dos bancos na parte de trás do coletivo.

Apesar do alto número de pessoas que utilizam a linha, era cedo, 11h15, portanto não havia ninguém sentado na hora do ataque

O Expresso Tiradentes, conhecido como Fura-Fila, funciona como um corredor de ônibus sobre pistas e viadutos exclusivos. O trajeto vai desde o centro de São Paulo até um terminal na zona leste (Vila Prudente) e outro na zona sul (Sacomã). O trajeto dura menos de 20 minutos.

Pela rapidez deste trajeto, o meio de transporte é usado com frequência por moradores e trabalhadores da região que precisam se deslocar para o serviço.

Resposta

Em nota, a SPTrans, da gestão Bruno Covas (PSDB), afirma que em casos de vandalismo avisa a Polícia Militar e a GCM (Guarda Civil Metropolitana) e orienta as empresas de ônibus a registrarem o boletim de ocorrência. Entre agosto e outubro de 2019 foram 25 casos, segundo a SPTrans. 

No trecho citado pela reportagem circulam 74 ônibus diariamente.

A Polícia Civil, sob gestão João Doria (PSDB), afirma que todos os casos registrados são investigados. "O 8º Distrito Policial apura os fatos e trabalha para identificar os autores dos apedrejamentos."

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