Asmática, motorista de aplicativo sofre, mas vence a Covid-19

No grupo de risco da doença, ela ainda luta contra a falta de ar

São Paulo

Falta de ar não é novidade para Leticia Helena Teixeira Brandão, 43 anos, mas ela foi levada a uma nova, e desagradável, experiência quando se contaminou com o novo coronavírus. Asmática, ela viu seu sofrimento aumentar quando os sintomas da doença começaram a aparecer, no dia 18 de março.

“Já sou asmática, mas a falta de ar é absolutamente pior do que uma crise de asma. Também tive muita tosse e sentia como se a cabeça e a boca estivessem muito, muito quentes”, conta Leticia, que é motorista de aplicativo na capital paulista.

A motorista de aplicativo Letícia Helena Teixeira Brandão e o marido, Rael, após ela se recuperar da Covid-19
A motorista de aplicativo Letícia Helena Teixeira Brandão e o marido, Rael, após ela se recuperar da Covid-19 - Arquivo pessoal

Ela acredita ter contraído o vírus justamente de algum passageiro, ao desempenhar a sua função diária.

No dia 22, ela buscou atendimento no Hospital Igesp, na Bela Vista (zona central de SP). Após fazer um raio-X, já foi colocada em uma sala isolada para realizar a tomografia. “Saindo o resultado da tomografia, eu fui internada no mesmo momento. O pulmão estava como vidro fosco, característico de Covid-19. Fiquei lá cinco dias, mas não precisei de respirador”, lembra.

No tratamento, ela diz que assinou um termo para tomar a cloroquina e sangue, se fosse necessário. Além disso, fez uso dos medicamentos Rocefin e Tamiflu. “Todos não sabiam muito bem como lidar com as medicações, afinal, é um vírus novo. Meio que eu brinquei com todos que éramos cobaias, e eles riam.”

Após a alta médica, dia 26 de março, ela ficou isolada em casa com o marido, Rael, 43, que também precisou ficar afastado do trabalho, mas não apresentou sintomas da Covid. “Até hoje ele está aguardando o INSS. Não consegue retornar [a trabalhar], nem receber seu salário. Ele tinha dois atestados, não precisava disso tudo.”

Para não ter contato com passageiros, Leticia voltou a trabalhar, mas fazendo entregas para sites de compras. “Meu marido me ajuda enquanto não retorna ao trabalho dele. Por causa da asma, é uma ajuda maravilhosa. Não ia conseguir sem ele.”

Mesmo após tanto tempo recuperada, ela diz que ainda sofre com os efeitos da doença. E faz um apelo.
“Não me recuperei até hoje pois as crises de asma pioram muito, é uma fraqueza que ainda fica. Fora que para nós, asmáticos, é terrível usar máscara, pois sufoca. Faço até um apelo, se alguém tiver uma ideia de máscaras para asmáticos, nos ajude. Somos muitos que sofrem com essa situação.”

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