O rodizio de veículos com restrições mais severas, implantado na capital na última segunda-feira (11), para tentar aumentar o isolamento social na cidade e tentar diminuir o contágio pelo novo coronavírus, ainda não surtiu efeito.
A taxa de isolamento na quarta-feira (13), de 48%, foi a mesma da véspera. Na segunda, o índice foi de 49%.
O prefeito Bruno Covas (PSDB) disse no início da semana que o rodízio será mantido até a cidade atingir ao menos 55% de isolamento social.
A volta do rodízio, que passou a permitir a circulação apenas de veículos com placas final par em dias pares, e com final ímpar em dias ímpares, e em toda a cidade durante o dia todo, aumentou a quantidade de pessoas no transporte público.
Nesta quarta (13), o Agora mostrou que os ônibus municipais da capital paulista bateram, na segunda-feira (11), recorde de passageiros transportados em um único dia desde o início da quarentena.
Segundo números da SPTrans, pela primeira vez desde 23 de março, mais de três milhões de pessoas passaram pelas catracas.
A Infectologista do hospital Beneficência Portuguesa, Lina Paola, diz que o transporte coletivo pode apresentar maior possibilidade de contaminação.
“O transporte público não permite que se mantenha a distância de pelo menos um metro entre uma pessoa e outra. No ônibus, isso é ainda mais difícil do que nos trens”, afirma.
Pressão
Por causa da pressão contra o megarrodízio, tramitam na Câmara Municipal de São Paulo três projetos que buscam barrar a medida. As propostas ainda estão sendo distribuídas e não existe uma data definida para votação.
Os projetos de decreto legislativo usam como argumento que o rodízio aumenta a aglomeração de pessoas no transporte público, aumentando o risco de contágio da doença.
A Defensoria Pública também questiona a restrição. Por meio dos núcleos especializados de Defesa do Consumidor e de Habitação e Urbanismo, a instituição pediu à gestão Covas dados e impactos da implantação do megarrodízio.
Os defensores questionam sobre dados e impactos da implantação do megarrodízio de veículos na cidade. A preocupação também é com o aumento do número de passageiros e as "imagens de diversos ônibus lotados" nos últimos dias.
Segundo a Defensoria, "os dados solicitados buscam esclarecer principalmente se o dimensionamento da frota está adequado para evitar a aglomeração de passageiros, especialmente de regiões pobres e periféricas da cidade, que se deslocam diariamente ao trabalho".
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) entrou com um pedido na Justiça de suspensão do megarrodízio na capital paulista para que as empresas que fazem parte da base dos sindicatos filiados à entidade sejam liberadas da restrição. A exclusão do rodízio seria concedida a todos os trabalhadores de funções que as empresas considerassem necessárias para manter suas operações, segundo a solicitação.
Há outras ações judiciais contra o rodízzio, como da Associação Comercial de São Paulo e do vereador Fernando Holiday (Patriota), que foi indeferida na última terça (12).
Resposta
A gestão da capital afirma que o "rodízio emergencial, adotado por indicação dos especialistas da área de saúde", resultou em cerca de 1,5 milhão de veículos a menos circulando na capital diariamente. "O índice de isolamento social, que era de 46% na última sexta-feira, oscilou entre 48% e 49%, situando-se acima da média do Estado de São Paulo", diz a nota.
A administração municipal também afirma que o "rodízio é uma medida necessária para ajudar a cidade a atingir índices entre 55% e 60%, marca fundamental para a curva de casos de Covid-19 ficar achatada e garantir que o sistema de saúde possa prestar o atendimento à população".
A prefeitura diz ainda que segue orientações das autoridades de saúde e que, se for necessário, poderão ser tomadas medidas mais incisivas.
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