Descrição de chapéu Coronavírus Zona Sul

Número de passageiros no transporte público aumenta com megarrodízio em SP

Metrô e CPTM registraram aumento de 11% a 15%, segundo governo do estado, na manhã desta segunda-feira na capital paulista

São Paulo

Passageiros da zona sul da capital paulista reclamam do aumento de movimento no transporte público, na manhã desta segunda-feira (11), dia em que o megarrodízio de veículos começou a vigorar na cidade.

Passageiros em linha de trem do metrô na linha 3-vermelha - Rivaldo Gomes/Folhapress

Os usuários disseram que se sentem mais expostos a eventuais contaminações pelo novo coronavírus, conforme relatado à reportagem, em decorrência do maior número de pessoas nos ônibus, trens e metrô.

De acordo com a Secretaria de Transportes Metropolitanos, algumas linhas do metrô e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) registraram aumento no fluxo de passageiros entre 11% e 15%.

O novo rodízio, determinado pela gestão Bruno Covas (PSDB), permite a circulação de veículos com placas com final par somente em dias pares, e placas com final ímpar, em dias ímpares. A proibição da circulação é durante as 24 horas do dia e em todas as regiões da cidade.

Para a auxiliar administrativa Elenice Paula Ferreira, 35, estava visivelmente nítido o aumento de passageiros na estação Grajaú da CPTM, por volta das 8h30 desta segunda. Usando máscara, ela afirmou usar a estação todos os dias, para ir ao trabalho, no centro.

“Só estou na estação porque preciso trabalhar. Quem pode ficar em casa, deveria respeitar isso [quarentena] e não expor [à contaminação] quem é obrigado a usar o transporte público”, afirmou.

Além da CPTM, no Grajaú também há um terminal de ônibus. Sentado em um banco, o casal William Honório, 24, e Damaris Aciole, 27, aguardava a chegada de uma parente que iria acompanhá-los até um cartório de registros, onde iriam entregar documentação para formalizar o casamento de ambos. Eles usavam máscara de proteção.

Honório usou o mesmo terminal, na semana passada, para ir ao trabalho entregar documentos. Ele afirmou que, neste segunda, percebeu o aumento no número de pessoas. “Eu não tenho carro, nem minha noiva. Então, somos obrigados a usar ônibus. Mas as pessoas que tem carro, agora vão usar também o transporte público, enchendo os ônibus, porque não podem dirigir em alguns dias da semana [por causa do rodízio] . Isso deixa todo mundo em risco de se contaminar [com a Covid-19]”, criticou.

Na estação Capão Redondo da linha 5-lilás do metrô, uma analista financeira de 44 anos, usando máscara e luvas, aguardava o transporte para ir ao trabalho, na região da avenida Paulista, no centro. Ela, que pediu para não ter o nome publicado, costuma fazer o trajeto de carro. “Mas a placa do meu carro é [final] par, então hoje [segunda, dia 11] precisei apelar para o metrô”, justificou.

Ela disse ainda se sentir exposta a contaminação pela Covid-19, pois muitas pessoas estavam usando o transporte público. Na plataforma em que ela estava, segundo apurado pelo Agora, havia mais de 150 pessoas esperando para embarcar por volta das 10h10.

No Terminal Santana, na zona norte de São Paulo, a movimentação de pessoas não aumentou com o início do rodízio, nesta segunda-feira, segundo usuários. No entanto, também não ocorreu redução do número de pessoas circulando, intuito das restrições aos veículos impostas pela administração municipal.

"Não percebi aumento na quantidade de pessoas não. Hoje (11), os ônibus estavam da mesma forma. Só que o terminal já era muito movimentado. Não é que ficou vazio, só não aumentou", disse Marina Gomes de Oliveira, 22, auxiliar administrativa.

Ela foi até o local em que trabalha para pegar um novo computador, já que o aparelho utilizado para trabahar de casa quebrou. "Peguei o ônibus em Santana por volta das 8h e estou voltando agora [ por volta de 12h]. Alguns outros dias vim em Santana resolver pendências no banco, vejo uma movimentação intensa, mas não creio que aumentou, vamos ver nos próximos dias", diz.

Mauro Santos Ramos, 34, trabalha em uma lanchotene que fica próxima do terminal. Segundo ele, o movimento tem sido sempre forte pela manhã nesta época de quarentena. Nesta segunda-feira, ele também não percebeu mudanças.

"Ainda está cedo, é o primeiro dia, vamos ver os próximos. Eu acredito que vai aumentar o número de pessoas que vão utilizar os ônibus. Muita gente não sabe da mudança, eu mesmo não sabia", afirma.

Resposta

O governo do estado, gestão João Doria (PSDB) confirmou o aumento no número de passageiros no metrô e CPTM em 11% na linha 5-lilás, 12% nas linha 1-azul, 2-verde e 3-vermelha, 14% na linha 4-amarela, além de 15% na CPTM. Dados sobre a EMTU (Empresa Metropolitana de Trens Urbanos) serão divulgados no final da tarde desta segunda, acrescentou o governo estadual.

A prefeitura, gestão Bruno Covas (PSDB), afirmou que o registro de congestionamento na cidade caiu para 1 km na manhã desta segunda. No primeiro dia da semana passada, foram 11 km, de acordo com cálculos da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).

Segundo a SPTrans foram utilizados 489 dos 600 ônibus disponíveis em bolsões, localizados em pontos estratégicos da cidade, com o intuito de atender todas as regiões, “assim que é detectada a necessidade de reforço no atendimento em alguma linha”, diz trecho de nota.

A pasta acrescentou que monitora a movimentação de passageiros para ajustar e adequar a frota, quando necessário, à demanda.

Assuntos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.