Desde que a quarentena foi determinada pelo governador João Doria (PSDB) em São Paulo, no fim de março, a publicitária Maria Cristina Frisoni, 62 anos, e a filha, Renata, 29, resolveram seguir à risca as determinações dos agentes de saúde. Sair de casa, só em emergência, e todos os alimentos e produtos que entram pela porta são higienizados. Mesmo assim, as duas foram contaminadas pelo novo coronavírus.
“Eu estava desinfetando tudo. Até cebola eu lavava com detergente. Se perguntar como eu peguei, não faço ideia. A única vez que saí foi para tomar a vacina de gripe, mas foi meia hora só. Fui de carro, desci, tomei e voltei”, diz Cristina.
Depois de tanto tempo de quarentena, os sintomas da Covid-19 apareceram em maio. Mas, a princípio, Cristina achou que estava com intoxicação alimentar. “Tinha feito macarrão com paio, que é pesado. Como sobrou paio, resolvi fazer uma pizza calabresa. Mas depois comecei a sentir um enjoo, mas era meio diferente. Tive calafrio, tremia de frio. Então, pensei que havia pegado uma intoxicação por causa da carne de porco do paio.”
Quando mediu a temperatura, estava com 38,5°C de febre. No dia seguinte, ainda enjoada, a febre continuou, com 37,5°C. “No sábado, eu ainda estava com febre. Como tem uma médica infectologista que tratou da minha mãe, já falecida, e que ficou nossa amiga, eu liguei para ela para perguntar. Falei dos três dias com febre e ela disse: ‘Xiii, vai ao pronto socorro, abre uma ficha. É muito importante você fazer isso’. Então, meu filho me levou ao Hospital Santa Catarina.”
Após realizar tomografia, a médica verificou que não havia lesão nos pulmões. Mesmo assim, ela fez o teste do cotonete para confirmar a doença. “Quando abri o exame na segunda-feira e vi o resultado positivo, quase caí para trás de susto. A única coisa que a médica me receitou foi Novalgina para febre e falou que se eu sentisse qualquer outro sintoma era para voltar para o hospital.”
Nessa época, a filha, Renata, também começou a ter mal-estar e dor de cabeça, os mesmos sintomas da mãe. Mas as duas conseguiram controlar a doença em casa, sem precisar de antibióticos. O temor maior era que a Covid piorasse e atacasse os pulmões.
“Não tive falta de ar, tosse, diarreia, vômito, nada. Só dor de cabeça, febre e mal-estar. Falo que quem não pegou a Covid fica na expectativa para não pegar e quem pegou fica na expectativa com medo de morrer, de ir para o pulmão. Quando deu o 11º dia da recuperação, a gente até relaxou um pouquinho. E no 15º dia eu falei: nossa, a gente renasceu. Fomos abençoadas porque tivemos a Covid fraca.”
Cristina conta que, depois de recuperadas, ela e a filha resolveram adotar um cachorrinho idoso cuja dona havia morrido de Covid e os animais, colocados na rua. “Mandei mensagem para a ONG em Embu para achar o cachorro. Eles o pegaram e deram o nome de Senhor Augusto, por ser idoso. Se Deus me deu o dom da vida de novo, vou ajudar esse cachorro. Vou ser a dona que ele perdeu”, afirma Cristina, que também adotará uma cachorrinha que foi resgatada com ele.
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