Bares e restaurantes de São Paulo estão preocupados com horário engessado na volta após quarentena

Locais poderão receber apenas 40% da capacidade de público com seis horas de funcionamento diário

A cidade de São Paulo deve reabrir bares e restaurantes a partir da próxima segunda-feira (6), decisão que deve ser anunciada nesta sexta-feira (3) pelo prefeito Bruno Covas (PSDB). A poucos dias da flexibilização, representantes do setor e donos de estabelecimentos ainda estão preocupados com o que poderá ou não ser feito durante essa primeira fase.

Conforme a determinação da gestão João Doria (PSDB), os locais poderão receber apenas 40% da capacidade de público com seis horas de funcionamento diário e terão de respeitar uma distância de ao menos 1,5 metro entre as mesas. Mas o protocolo criado pelo governo determina também que os bares e restaurantes não funcionem depois das 17h e reabram somente na área externa.

Bares e restaurantes já estão fazendo adaptações para a possível reabertura na próxima segunda-feira (6)
Bares e restaurantes já estão fazendo adaptações para a possível reabertura na próxima segunda-feira (6) - Ronny Santos - 25.jun.20/Folhapress

O presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em São Paulo), Percival Maricato, se disse preocupado com as restrições:

“Ninguém sabe muito bem como vai ser, está uma confusão. O que a Abrasel vai argumentar caso essas regras prevaleçam é que isso é inviável na maioria dos casos. Com menos da metade da clientela já tem prejuízo da receita. Existem pizzarias, bares que só funcionam à noite. O ideal seria limitar, sim, o período de funcionamento, mas dividir em dois turnos. Se as coisas ficarem assim, o setor não vai retomar nem 20% dos serviços prestados na capital”.

Todas as determinações seguem a orientação de uma nota técnica elaborada pelo Centro de Contingência do Coronavírus, criado pela administração estadual. Em entrevista ao Agora, a secretária de Desenvolvimento Econômico, Patricia Ellen, avaliou que uma reabertura cautelosa é imprescindível para priorizar a saúde.

“Como secretária responsável justamente pela área do desenvolvimento econômico, sei bem que esse é um setor que consolida muitos empregos e, portanto, a retomada é muito importante. Mas se olharmos no resto do mundo há lugares que pecaram justamente na flexibilização de bares e restaurantes, que acabou sendo feita de forma imprudente. É preciso evitar idas e vindas desnecessárias, porque estamos lidando com vidas”.

A secretária esclareceu ainda que os locais que tiverem ventilação, espaços arejados ou janelas poderão receber o público na área interna. Mas a restrição para o funcionamento apenas durante o dia é crucial nessa primeira fase.

“Sair à noite gera risco adicional, aumenta o tempo de permanência nos lugares, pode ter mais descuido com a higiene, menos controle dos protocolos de segurança e acaba expondo mais a população aos riscos”.

Só na cidade de São Paulo existem aproximadamente 100 mil bares e restaurantes, entre marcas independentes, redes e franquias.

Na sexta-feira passada (26) a capital avançou para a fase amarela do Plano São Paulo, que permite a reabertura de salões de beleza, bares e restaurantes. Mas, na prática, o funcionamento só pode retornar se a cidade permanecer uma semana no estágio de contenção do coronavírus que alcançou – ou seja, a administração estadual vai bater o martelo sobre a flexibilização nesta sexta-feira (3).

Uma cartilha de recomendações produzida pela Abrasel traz medidas de segurança a serem adotadas pelos estabelecimentos, como fazer uma marcação no chão para garantir a distância mínima de um metro entre os clientes nas filas, reorganizar escalas de trabalho, não sediar grandes eventos, garantir a higienização constante das superfícies e sanitários, proibir clientes de interagir em pé em bares, vetando ainda apresentações musicais. Funcionários terão de ter a temperatura aferida diariamente e deverá ser disponibilizado álcool em gel para clientes.

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