Na contramão da definição feita pelo governo do estado de São Paulo, gestão João Doria (PSDB), a Prefeitura de Santo André, no ABC, permitiu que os bares e restaurantes da cidade fiquem abertos até as 23h30, na atual fase de flexibilização da quarentena.
Assim como a capital e toda a região do ABC, Santo André está na fase 3 do Plano São Paulo, identificada pela cor amarela. Nesta etapa, bares e restaurantes são liberados para funcionar por seis horas, com até 40% de suas capacidades. Entretanto, a regulamentação prevê que o fechamento ocorra até às 17h. Na cidade de São Paulo, e em todos os municípios do ABC, a determinação vem sendo cumprida.
Mesmo liberados para funcionar até mais tarde, os bares de Santo André não tiveram movimentação muito intensa na primeira noite após a liberação, na segunda-feira (6). Na rua das Figueiras, um dos endereços mais badalados da cidade, não foi visto grande fluxo de pessoas como costumava ocorrer antes da pandemia do novo coronavírus.
No interior dos estabelecimentos, as regras de prevenção estabelecidas estavam sendo cumpridas. No Manduca Bar, localizado na rua das Figueiras, as mesas foram distanciadas umas das outras. Na entrada, os clientes recebem álcool em gel e são orientados para que tirem as máscaras somente enquanto estiverem sentados e consumindo. Se alguém precisar ir ao banheiro, deve recolocar o item de proteção.
Para funcionários, a proteção é ainda maior: os colaboradores devem usar viseiras de acrílico. O cardápio em papel também foi eliminado. Para consultar as opções, deve-se acessar o menu online, disponível por meio de um QR Code.
O proprietário do Manduca, Mohamad Ahmad, 26, diz que se surpreendeu com a compreensão por parte dos consumidores. "Achei muito legal a forma como o cliente se comportou dentro do bar", comenta. Segundo Ahmad, poucos frequentadores tiveram de ser orientados pelos seguranças sobre a obrigatoriedade do uso da máscara ao sair da mesa.
Clientes aprovam novos protocolos de segurança
Os frequentadores dos bares relatam que, apesar dos novos protocolos, foi possível se divertir. "Foi uma experiência bastante agradável, até pelo fato de estarmos há muito tempo sem essa vida social. Mas é muito estranho o pessoal não se cumprimentando com beijos e abraços", comenta a influenciadora digital Marcelle Barkauskas, 34.
O estudante Luiz Felipe Muller, 25, diz que, apesar do cumprimento das regras no interior dos bares, havia pessoas desrespeitando os protocolos na rua. "Vi gente andando sem máscara. Inclusive um casal que tentou entrar no bar em que eu estava, mas foi barrado", relata.
O presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), Percival Maricato, defende a flexibilização do horário de funcionamento. "Há muitas restrições. Isso torna a operação mais cara e a receita diminuta", comenta.
Ele também defende que os bares sejam autorizados a colocar mesas na calçada. Questionado sobre a possibilidade de essa medida gerar aglomerações, ele diz que o poder público e a população devem "unir forças" para que não haja comportamento inadequado.
Resposta
O governo de São Paulo diz que os municípios que desrespeitarem o protocolo de reabertura estarão sujeitos a ações do Ministério Público. O plano prevê "atividades de bares e restaurantes somente ao ar livre ou em áreas arejadas" e atendimento presencial" após às 6h e antes das 17h".
A Prefeitura de Santo André diz que avaliou que o setor ficaria prejudicado sem abrir no jantar. A gestão afirma que "estar permitido o funcionamento no período noturno não exime os estabelecimentos do cumprimento das normas". (FM)
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.