Descrição de chapéu Coronavírus

Hospital das Clínicas de SP investiga 7 possíveis casos de reinfecção por Covid-19

Pacientes passaram por novos exames para confirmar ou descartar o retorno da doença

São Paulo

O Hospital das Clínicas de São Paulo, da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), abriu um ambulatório para pesquisar sete possíveis casos de reinfecção pelo novo coronavírus. Os pacientes estão sendo acompanhados há duas semanas por uma equipe médica do hospital.

Exames e pesquisas em laboratórios estão sendo realizados para confirmar ou descartar as suspeitas.

Segundo o infectologista Max Igor Lopes, coordenador do ambulatório, os pacientes têm em comum um histórico de sintomas de gripe e que testaram positivo para a Covid-19, mas depois de dois ou quatro meses adoeceram e confirmaram a presença do novo coronavírus novamente

”Criamos um espaço para acolher essas pessoas para entender o que está acontecendo. As explicações para isso [segundo teste positivo] é o que estamos tentando responder", disse Lopes.

Segundo o infectologista, dos sete pacientes, cinco são profissionais de saúde. Um dos casos investigados é de um paciente que testou positivo em abril, quando teve apenas febre. Quatro meses depois, em junho, ele teve falta de ar e cansaço intenso e novamente testou positivo para a Covid-19.

Profissional de saúde do Hospital das Clínicas, em SP, analisa dados de pacientes que já tiveram Covid-19 e voltaram a apresentar teste positivo para a doença - Reprodução

Em três destes pacientes a equipe do ambulatório do HC está investigando o sequenciamento genético para comparar o RNA (estrutura) do vírus da primeira e da segunda infecção. Essa análise só está sendo feita com esses três pacientes porque foram os únicos que a equipe conseguiu a amostra de secreção coletada no primeiro exame.

”Ainda não tivemos resposta desta análise, pois está sendo feita no laboratório. O objetivo é saber se o vírus é diferente nas duas amostras", afirmou Lopes.

Segundo o infectologista, é até razoável pensar em uma segunda infecção pelo novo coronavírus, mas a confirmação depende de pesquisas, pois não há nenhum paciente que esteja sendo acompanhado desde os primeiros sintomas e confirmação da doença.

Nos casos em investigação no HC, as respostas que a equipe pretende chegar são a confirmação ou não da segunda infecção, a reação do organismo a uma mesma infecção ou até a uma mutação do vírus.

Para isso, os pacientes vão ao ambulatório uma vez por semana ou a cada 15 dias e fazem coleta de exames de sorologia, com amostra de sangue, e o RT-PCR, com coleta de secreção da garganta e nariz. ”Por enquanto, esses possíveis casos de reinfecção não estão nem confirmados nem descartados“.

Ribeirão Preto também investiga outros pacientes

Outros casos de possível reinfecção do novo coronavírus também estão sendo investigados no Hospital das Clínicas da USP em Ribeirão Preto (313 km de SP).

O infectologista Fernando Bellissimo Rodrigues, do Núcleo de Vigilância Epidemiológica Hospitalar, confirmou que casos suspeitos chegaram ao conhecimento de sua equipe nas últimas duas semanas.

“Entretanto, é difícil dizer um número com precisão porque vários deles não procedem e outras novas suspeitas estão chegando, então esse número é muito dinâmico”, disse Rodrigues.

Segundo o infectologista, os casos estão sendo analisados “com cuidado” para que nas próximas semanas possa afirmar quantos casos são suspeitos e prováveis de reinfecção.

Resultado pode influenciar estudos sobre as vacinas

O infectologista Max Igor Lopes disse que a descoberta de possíveis casos de reinfecção pelo novo coronavírus poderá ter impacto na produção de vacinas contra a Covid-19. Segundo ele, esses casos levantam dúvidas do quanto a imunidade da vacina pode ser protetora.

‘Geralmente a imunidade induzida pela vacina não é tão forte como a induzida pela doença‘, afirmou.
Para o infectologista, o ideal é detectar a reinfecção, o que vai permitir que os estudos de vacina acompanhem com mais cuidado e por mais tempo as pessoas vacinadas a fim de entender o quão protetora pode ser essa imunidade.

"Assim a expectativa com a vacina não seria não ter a doença mas caso a tenha evoluir de forma mais branda", afirmou Lopes.

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