Descrição de chapéu Grande SP

Drink da moda, Chevette se espalha pelos bares e adegas

Bebida é uma mistura de coquetel alcoólico de limão, suco em pó de baunilha e gelo de água de coco

São Paulo

Coquetel alcoólico sabor limão, refresco em pó sabor baunilha e gelo de água de coco. Esses são os ingredientes do Chevette, o drink que virou moda na capital e na Grande São Paulo.

Segundo donos de bares e adegas, o sabor doce e o preço acessível estão entre os principais atrativos para a bebida. O copo de 700 ml é vendido, em média, entre R$ 8 e R$ 10. O teor alcoólico, geralmente, é de 13,5%.

“O Chevette entrou no lugar de outras modas entre os jovens, como a catuaba e as vodcas saborizadas”, diz Dayana Sousa Silva, 34 anos, dona da Imperium Adega, na zona leste. No estabelecimento dela, na vila Regente Feijó, o Chevette corresponde a cerca de 50% dos drinks vendidos.

Perto dali, na Água Rasa, também na zona leste, a Adega 77 vende aproximadamente 80 unidades da bebida aos fins de semana. Funcionário do local, Raywillys de Souza, 28, afirma que, com a pandemia, cresceu o número de pedidos do drink por delivery.

Perto da estação da Luz, na região central, a manicure Mônica Nunes, 31 anos, montou com o pai um pequeno bar na frente de sua casa. “Começamos a vender o Chevette lá para fevereiro, justamente por ser modinha na região. De lá para cá, a demanda subiu bastante”, conta.

O gosto pelo Chevette —veículo que já saiu de linha (veja outras bebidas com nome de carros abaixo)— também já chegou aos bares universitários. Em São Bernardo (ABC), um deles, nas proximidades da Faculdade de Direito vende o copo a R$ 12,90. Mesmo com a clientela reduzida por conta da pandemia de Covid-19, o dono do bar, Ernei Ragonha Filho, 43, diz que o Chevette representa cerca de 30% do total de drinks feitos no local.

Dono de uma adega na Vila Humaitá, em Santo André (ABC), Aleffe Sargi, 26 anos, considera que o aumento na procura pelo Chevette está relacionado à queda na rejeição pelo drink. “Era uma bebida discriminada. Falavam que era coisa de pobre. Mas depois que as pessoas foram experimentando, passaram a gostar”, diz.

Jovens destacam preço e sabor doce

Os principais pontos elogiados pelos jovens no Chevette são preço baixo e sabor extremamente adocicado. Eles acrescentam que o gosto doce é justamente o que faz com que a bebida seja mais agradável.

A estudante Luiza Azevedo, 23, conheceu o Chevette no Carnaval deste ano. “É uma bebida doce e que desce fácil”, diz. Segundo ela, o sabor lembra o do Yakult (leite fermentado). Sem poder sair durante a quarentena, a jovem passou a pedir a bebida em casa, na Vila Prudente (zona leste).

“É doce e não é caro. Eu já cheguei a fazer o Chevette em garrafa de dois litros para poder compartilhar com meus amigos”, comenta o vendedor Eduardo de Souza, 23. “No fim de semana dá para tomar uns três. E para facilitar, tem supermercado que já vende o kit pronto para montar [o drink] em casa”, acrescenta o motoboy Denis Felipe Leite, 36 anos.

Além do Chevette, veículo fabricado pela Chevrolet entre as décadas de 1970 e 1990, outros nomes de carros passaram a fazer parte do cardápio de bares e adegas. Ferrari, Brasília Amarela e Opala estão entre os veículos homenageados nas cartas de drinks.

Para ter a tradicional cor vermelha da escuderia italiana, o Ferrari leva em sua composição coquetel fermentado pronto, refresco em pó e gelo —tudo no sabor morango. Para a Brasília Amarela, os ingredientes são o mesmo, mas no sabor maracujá. Já o Opala é feito com coquetel azul sabor blueberry e uma garrafa de Skol Beats —bebida derivada da cerveja, mas com um sabor cítrico.

Os donos de bares não sabem dizer de onde surgiu a ideia de levar os nomes dos veículos aos cardápios.

Uso de álcool na juventude traz riscos, dizem médicos

Médicos alertam que o consumo de bebidas alcoólicas por pessoas jovens pode trazer riscos à saúde no futuro. Entre os problemas citados está o aumento da possibilidade de a pessoa se tornar alcoólatra.

“Estudos mostram que, quando se começa cedo, a chance de ter uma dependência é maior, até pelas alterações neuroquímicas que podem atrasar a maturação cerebral”, afirma a médica Renata Figueiredo, da Associação Brasileira de Psiquiatria.

Segundo a especialista, o cérebro humano fica em formação até por volta dos 25 anos e, portanto, não é indicado que se consuma bebida alcoólica até essa idade.

Renata diz ainda que o álcool tem uma forte relação com doenças psiquiátricas. “Às vezes, a pessoa bebe para aliviar sintomas depressivos ou de ansiedade, e aí pode começar uma dependência. Por outro lado, o álcool é um depressor do sistema nervoso central. É uma via de mão dupla”, acrescenta.

A psiquiatra Rachel Emy Straus Takahashi, do Hospital 9 de Julho, destaca que as bebidas atuam em uma área do cérebro que, especialmente nos jovens, prejudicam o raciocínio na tomada de decisões. Com isso, eleva-se a possibilidade de atitudes impulsivas.

“Quando os adolescente bebem, eles ficam mais propensos a fazer atividade sexual de risco, usar outros tipos de droga ou dirigir e causar acidentes, justamente pela falta de julgamento”, comenta Rachel.

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