Mães testam filhos contra Covid, mas ainda estão inseguras quanto volta às aulas

Gestão Bruno Covas iniciou testagem em massa de estudantes, professores e funcionários da rede municipal para definir reabertura das escolas

Juliana Finardi
São Paulo

Apreensivas com relação ao retorno das aulas presenciais, as professoras e as mães que levaram seus filhos na manhã desta quinta-feira (1), ao primeiro dia do censo sorológico da rede municipal de ensino de São Paulo, na Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Professor Máximo de Moura Santos, na Vila Pauliceia (zona norte da capital paulista), apesar de aprovarem a iniciativa da testagem em massa, afirmaram que nem os resultados as deixarão seguras para a volta aos colégios neste ano.

De acordo com o secretário municipal da Educação, Bruno Caetano, os resultados dos testes nortearão o retorno, já que detectarão quem possui anticorpos para a Covid-19, ou seja, quem já teve contato com o coronavírus.

A primeira fase deste inquérito sorológico com alunos a partir de 4 anos, docentes e funcionários da secretaria, está direcionada para 93 mil professores, 41 mil crianças do 3º ano do ensino fundamental, 45 mil alunos do 9º ano e 2,5 mil do ensino médio. Esta etapa vai até o próximo dia 15.

Até 10 de novembro, cerca de 777 mil testes devem ser realizados pela gestão Bruno Covas (PSDB) na rede municipal para definir a volta às aulas. As escolas serão reabertas na próxima quarta-feira (7) para atividades extracurriculares, com limite de alunos em classe e dias.

A prefeitura também realizou inquéritos sorológicos com alunos da rede estadual e de escolas particulares. Ainda não há uma data para a abertura dos colégios em definitivo na cidade de São Paulo.

A cabeleireira Amarilis Diniz, 41 anos, que levou a filha Giovanna Diniz Riccetti, 9, e a sobrinha Alice Ribeiro da Silva, da mesma idade, ambas no 3º ano, para os testes, disse que as crianças não devem voltar às aulas presenciais neste ano. “Trouxe as meninas para o teste, mas ainda não fico tranquila”, afirmou.

A professora Ana Quintino faz teste para detectar o novo coronavírus na Emef Professor Máximo de Moura Santos, na zona norte de São Paulo; testagem e massa vai definir volta às aulas na rede municipal - Rivaldo Gomes/Folhapress

Marina Andrade, 34 anos, que já não estava segura de mandar o filho Kaiki Andrade, 9, de volta às aulas presenciais antes da testagem, ficou ainda mais apreensiva ao observar que poucas crianças da sala dele (3º ano) estavam presentes no horário marcado para o teste. “Estou vendo aqui que nem todos vieram e o problema vai mesmo ser a dificuldade de ter distanciamento, porque eles terão contato”, disse.

Os pais e responsáveis foram acionados pela escola por telefone e email para que os atendimentos fossem escalonados. Já os professores também por aplicativos de mensagens. “A nossa primeira preocupação foi com a aglomeração. Então fizemos um escalonamento de horários. Deixamos claro que todos seriam atendidos, mas recomendamos que seguissem o cronograma”, disse a diretora Cleodeonira Alonso de Carvalho Moraes, 53. Ela também afirmou que tanto professores quanto pais gostaram da notícia da testagem em massa porque muitos não tinham condições financeiras de fazer.

Apesar de avaliar a iniciativa do governo como positiva, a professora Lucimara Lima Cavalcante, 54 anos, que leciona para o 2º ano, acredita que o censo não será suficiente para garantir um retorno presencial sem riscos. “As crianças correm, abraçam, entram em contato com os amigos. Eu vejo nas aulas remotas o quanto eles têm de saudade uns dos outros. Seria uma tensão muito grande ficar tentando evitar tudo isso”, afirmou.

“Só vou me sentir segura mesmo depois da vacina”, disse a professora Ana Quintino, 43, que comanda uma turma do 4º ano. Além do conteúdo formal, ela disse que tem passado otimismo e apoio psicológico às crianças.

Na opinião da professora Luciana Benvengo, 50, que leciona para o 5º ano, trata-se de uma segurança temporária. “Ficamos seguras agora. Mas e daqui a duas semanas? As crianças gostam muito do contato”, disse, ao acrescentar que o ensino remoto tem sido difícil e desafiador.

Com dificuldades para estudar com a filha Bianca Pereira da Silva, 9, por não ter acesso a internet, a doméstica Normeide da Silva, 45 anos, tem recebido o material impresso da escola, porém vê no retorno presencial a única maneira de resolver o problema. “Vamos ver se ela aprende. É muito chato e constrangedor ela não saber ler e já vai para o 4º ano.”

Para a professora Elaine Tavares, 56 anos, a única segurança será a vacina. “O teste é válido e necessário, mas não me deixa segura para o retorno presencial.”

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