Morador da Inglaterra há um ano, o brasileiro Márcio Roberto de Souza, 39 anos, faz parte do primeiro grupo de pessoas que receberá ainda neste mês a primeira dose da vacina contra a Covid-19.
O imunizante, desenvolvido pelas farmacêuticas Pfizer e BioNTech, já começou a ser aplicado nesta semana em pessoas com mais de 80 anos, funcionários de casas de repouso e trabalhadores em áreas da saúde consideradas como de alto risco.
Souza trabalha como cuidador de idosos na cidade de Dorking, localizada a pouco mais de 40 quilômetros da capital Londres. Ele conta que, na última terça-feira (8), recebeu uma notificação do governo local informando que ele está no grupo prioritário da vacinação, justamente por estar em contato com pessoas do grupo de risco para a doença. O local onde ele atua tem 66 idosos com demência e Alzheimer.
"Eles não estão me obrigando, mas estão dizendo: 'olha, você é grupo prioritário, então a gente precisa que você seja vacinado'", comenta. Segundo ele, o documento não tem caráter de "convocação". Mesmo assim, ele assegura que queria tomar a vacina e, portanto, assinou o formulário.
O brasileiro espera tomar a primeira dose do imunizante na semana que vem. A segunda aplicação deverá ser no início de janeiro. Para os moradores da casa de repouso, diz, a expectativa é de que a vacinação comece nesta sexta-feira (11). Em São Paulo, o governador João Doria (PSDB) prometeu iniciar a imunização no dia 25 de janeiro, apesar de a vacina Coronavac, a desenvolvida pelo Instituto Butantan juntamente com a farmacêutica chinesa Sinovac, ainda não ter sido certificada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
No asilo onde ele trabalha, já foram confirmados cinco casos de Covid-19. Dois idosos que moravam na casa de repouso morreram por causa da doença. Desde junho, funcionários e residentes do local passaram a ser testados toda semana.
Apesar do pouco tempo para o desenvolvimento, Souza diz não ter medo ou receio de tomar a vacina. "O órgão regulador daqui é independente e muito sério. Eu não acredito que eles aprovariam uma vacina para ser aplicada em escala nacional se não tivessem total confiança de que é segura", diz o brasileiro, que até o ano passado morava em Jundiaí (58 km de SP).
"Eu cuido de idosos, de pessoas que são vulneráveis, então acho importante que eu tome para me proteger e para protegê-los", acrescenta. Ele virá ao Brasil no dia 12 de janeiro e ficará com seus pais, que também são do grupo de risco. "Eu estava receoso. Agora, tomando a vacina, vou ficar bem mais tranquilo."
Mesmo depois de ser imunizado, Souza diz que manterá os hábitos de proteção contra o novo coronavírus, especialmente em relação à higienização das mãos. "Já é algo muito comum para a gente que trabalha em asilo, porque a gente tem que evitar várias outras infecções. É um hábito que eu levo para casa, faço o tempo inteiro e acho que nunca vou parar de fazer."
Clima no país
Segundo o cuidador de idosos, os moradores da Inglaterra estão "empolgados" com o início da vacinação contra a Covid-19. "Eles têm um senso de coletivo muito forte aqui. Então as pessoas sabem que tomar a vacina vai muito além de proteger a si mesmo."
"A impressão é de que todo mundo agora realmente vê uma volta à normalidade mais próxima", acrescenta o brasileiro. Ele diz que a sensação de otimismo no país ficou ainda mais forte após a notícia de que uma idosa de 90 anos já foi vacinada.
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