Com a volta do estado à fase amarela do Plano São Paulo, programa da gestão João Doria (PSDB) que concentra as diretrizes para contenção da Covid-19, bares, restaurantes e hotéis estão tendo de se adaptar para as festas de fim de ano. Com o aumento das restrições, o setor aposta na entrega de ceias de Natal e Ano-Novo para tentar garantir o faturamento em meio à pandemia.
“O que o pessoal [do comércio] precisa é usar a criatividade para organizar pacote de delivery de ceia ou para retirada no restaurante. Cada um vai fazer um esquema para tentar faturar alguma coisa”, diz Percival Maricato, presidente do conselho estadual da Abrasel-SP (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de São Paulo).
Ele considera “praticamente impossível” que algum restaurante no estado opte por fazer ceia, ainda que mais cedo. Isso porque, de acordo com as regras da fase amarela, o público máximo em cada estabelecimento é de 40% de sua capacidade máxima. Além disso, o consumo só é permitido até as 22h nas cidades que estejam há pelo menos 14 dias nesta etapa. Nas demais, o horário é até 17h.
Mesmo com as estratégias adaptadas, Maricato estima que os bares e restaurantes do estado deverão ter queda de 50% no faturamento em dezembro na comparação com o mesmo período do ano passado.
O presidente da ABIH (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis), Ricardo Roman Jr., diz que, para a hotelaria, não mudou muito com a volta para a fase amarela, como bares e restaurantes, mas o setor espera queda de 20% na ocupação de leitos neste fim de ano no litoral.
Para Roman Jr., a maior preocupação é a impossibilidade da realização das festas e das ceias nos horários tradicionais. Ele diz que o setor irá apresentar ao governo um ofício solicitando a ampliação do horário de funcionamento dos restaurantes e bares de hotéis.
“Não são locais com aglomeração. É como um prédio residencial, mas com até mais infraestrutura.”
Lanchonete no centro tem aumento de 15% nas encomendas
Famosa lanchonete do centro de São Paulo, o bar Estadão registrou um aumento de 15% nas encomendas do seu famoso pernil para as festas de fim de ano nas casas dos clientes. O gerente da casa, Rogério Cesar, 53 anos, explica que a carne suína será vendida em peças com peso aproximado entre seis e oito quilos.
Na véspera do Natal e do Ano-Novo, o bar também venderá o pernil em quantidades menores para quem não fez reservas. O preço cobrado será por quilo. Também será possível comprar a carne congelada. Neste ano, inclusive, o Estadão apresenta uma mudança em seu atendimento: a casa funcionará nos dias 31 de dezembro e 1º de janeiro.
O objetivo é compensar as perdas registradas ao longo de 2020. Por conta da pandemia, o estabelecimento passou a ter horário limitado de funcionamento: por mais de 50 anos, a lanchonete funcionava 24 horas, só parando no Ano-Novo.
Cesar acrescenta que ainda não houve nenhuma confraternização corporativa na casa em 2020. "Tínhamos grupos de empresa que vinham e ficavam praticamente o dia inteiro aqui. Nesse ano já não teve. Nessa época do ano, eram pelo menos duas por fim de semana", lembra.
O empresário Matheus Nogueira, 24 anos, da capital paulista, também adaptou seus negócios para atender à demanda da pandemia. Sócio de uma empresa de alimentação, ele passou a oferecer um kit de churrasco congelado para que os consumidores preparem em casa. "Comecei a vender os pacotes no fim de novembro e já tivemos mais de 100 pedidos", diz.
Aumento nos índices de Covid-19 fez estado endurecer quarentena
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou no dia 30 de novembro o retorno de todas as cidades paulistas da fase verde para a fase amarela do plano São Paulo de contenção ao novo coronavírus.
A decisão pelo endurecimento da quarentena foi tomada mediante o aumento nos números de casos e de mortes por Covid-19. Nesta segunda-feira (7), a taxa de ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) chegou a 63,1% na Grande São Paulo e 56,3% no estado. Um mês antes, os índices eram de 42% e 43,4%, respectivamente.
Com a regressão da fase verde para a fase amarela, o público máximo no comércio em geral, shoppings e em bares e restaurantes diminuiu de 60% para 40% da capacidade total de cada estabelecimento.
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