A cidade de São Paulo ultrapassou a marca de 500 mil infectados pelo novo coronavírus, desde que o primeiro caso da doença do Brasil foi descoberto no município, em fevereiro do ano passado.
Segundo boletim divulgado nesta sexta-feira (8) pela Secretaria Municipal da Saúde, a cidade soma 503.929 casos confirmados da doença. Ou seja, cerca de 4% dos moradores da capital paulista já tiveram Covid-19. Outros 741.113 casos suspeitos foram monitorados, de acordo com a pasta.
É como se quase toda a população de Florianópolis (SC), que tem aproximadamente 508 mil habitantes, segundo estimativa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), tivesse sido infectada pela doença.
Conforme o balanço da gestão Bruno Covas (PSDB), a capital paulista soma 16.032 mortes provocadas pela Covid-19.
A cidade de São Paulo voltou a ter alta no número de internações por causa da doença. Ao menos dois hospitais com leitos custeados contratados pela prefeitura estão com 100% das taxas de ocupação em enfermarias ou em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) para pacientes com o novo coronavírus.
A capital tem mais casos confirmados que países, como Israel (477 mil infectados) e Portugal (466 mil) —nações com populações menores que o município de São Paulo, entretanto—, segundo dados da Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos.
Também de acordo com a instituição norte-americana, há mais mortos pela doença na capital paulista que em todo o Equador (cerca de 14,1 mil óbitos).
A taxa de ocupação de UTIs (unidades de terapia intensiva) está em 63%. Há uma semana, ou seja, em 1º de janeiro, o índice era de 60%. A taxa em leitos contratados pela prefeitura em hospitais que não são municipais é de 91%.
Dos 612 pacientes internados em UTIs custeadas pelo município, 325 estavam com ventilação mecânica nesta sexta. Ao todo, havia 1.140 internadas com o novo coronavírus em hospitais municipais ou em leitos contratados pela Prefeitura de São Paulo, segundo o boletim.
No avanço da doença, a marca de 100 mil casos na capital paulista foi atingida em 16 de junho. A de 300 mil infectados, em 2 de setembro.
Para o médico Marcelo Otsuka, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, o alto número de casos, tanto na capital quanto no Brasil, é reflexo da "falta de respeito da sociedade" com as medidas de proteção contra o vírus.
"A nossa população infelizmente continua não tendo uma postura adequada e não entendendo o risco que é a doença para pessoas próximas", diz o especialista.
Ele considera que esse tipo de atitude na sociedade é influenciado pela postura negacionista de algumas autoridades, em especial do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). "Tem como negar uma doença que matou mais de 200 mil pessoas?", questiona.
Otsuka considera incorreto tratar o crescimento no número de contaminações nas últimas semanas como uma segunda onda da doença.
"Quando falamos em primeira ou segunda onda, a gente imagina o seguinte: houve um pico da doença, conseguiu-se fazer um controle razoável, chegou-se a um declínio significativo dos casos e aí, por ausência de medidas adequadas e tudo mais, tem uma recrudescência", diz. "No Brasil não dá para falar em segunda onda porque nunca tivemos controle da doença. Houve, sim, uma redução de casos, mas em nenhum momento tivemos controle", explica.
Resposta
Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde diz que desde o início da pandemia fortaleceu todos os seus equipamentos e ações com foco na prevenção, diagnóstico, atendimento, garantia de leitos e internações em função da Covid-19 em todos os 96 distritos administrativos da cidade, focando com especial atenção as áreas mais vulneráveis da cidade.
A gestão Bruno Covas também afirma que, desde o dia 1º de julho tem orientado as pessoas sobre a importância e a necessidade do uso correto de máscaras de proteção facial, para evitar a propagação de gotículas nasais ou salivares no ambiente. "Os agentes conscientizam os cidadãos e os estabelecimentos para afixarem cartazes nos comércios, com orientações sobre a Covid-19 e o uso correto da máscara", diz.
A pasta cita ações de fiscalização e combate a aglomerações, inclusive realizadas durante as festas de fim de ano, além de investimentos em hospitais municipais.
A secretaria também diz que foram monitoradas, até o dia 1º de janeiro, mais de 945 mil pessoas. Destas, 681 mil receberam altas e 192 mil pacientes ainda seguem em monitoramento.
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