Em tempo da pandemia foi uma oportunidade de aumentar os conhecimentos em busca de emprego. E eles tiveram uma forte aliada: a tecnologia. “Vivemos numa era predominantemente da tecnologia, e estudar isso tem muito peso”, afirma a estudante Ana Clara Albuquerque, 17.
Em 2020, Ana Clara fez o curso de Gestão Empresarial do IOS (Instituto da Oportunidade Social). “Não é uma coisa só de expandir o conhecimento, mas de levar a tecnologia para a pessoa que nunca teve contato, trabalhou ou estudou sobre isso”, diz Ana Clara.
Hoje, como jovem aprendiz, ela está trabalhando como auxiliar de planejamento, o primeiro emprego dela.
Ligia Nascimento, 16, também conseguiu o primeiro trabalho depois de cursar aulas sobre tecnologia em 2020. A estudante diz que o curso de programação foi imprescindível para a oportunidade como jovem aprendiz no setor de suprimentos.
“Por mais que não seja o conteúdo exato, tem outras ferramentas de tecnologia que a gente pode usar em várias áreas da nossa vida.”
Segundo Kelly Lopes, superintendente do IOS, aprender especialmente as ferramentas de trabalho que a tecnologia oferece se tornou ainda mais relevante no período da pandemia, quando muitas empresas adotaram o home office.
“Quando a gente fala de tecnologia, as pessoas acham que é um termo usado só para aquelas áreas que vão prover a tecnologia. Mas o que a gente está trazendo para o jovem é que ele também se torne usuário da tecnologia para realizar o seu trabalho.”
Alice Barbosa, 17, aproveitou a pandemia para reforçar os conteúdos no ensino técnico. A jovem fez três cursos do Code IoT, o programa de capacitação que a Samsung oferece remotamente —segundo a empresa, a procura em 2020 foi o triplo da registrada em 2019.
“Como estudante, esse é um período bem difícil, em que a gente precisa ser quase autodidata”, diz Alice. A promessa de efetivação no estágio e o direcionamento sobre a carreira que quer seguir são os principais frutos.
Online
Durante a pandemia, alunos de escolas públicas e privadas tiveram que se adaptar ao ensino remoto e, com ele, às ferramentas de tecnologia que ele requer. E o que nasceu como uma necessidade pode se tornar uma cultura de longo prazo, afirma Bruna Waitman, coordenadora do Centro de Mídias da Seduc (Secretaria da Educação do Estado).
“A gente tem como premissa que a tecnologia jamais vai se sobrepor ao ensino presencial, mas ela pode complementar essas aulas trazendo uma potência de possibilidades”, diz a coordenadora.
O Centro de Mídias foi lançado em abril de 2020 para que alunos da rede estadual pudessem assistir às aulas, transmitidas tanto por um aplicativo quanto por TV aberta.
“A tecnologia se relaciona como meio e como fim dos projetos de vidas dos nossos estudantes. Ter uma educação cada vez mais conectada e alinhada com o século 21 faz com que se fortaleça o vínculo, o que é fundamental para a vida deles.”
Com o retorno às aulas presenciais na rede estadual, marcado para esta segunda-feira (8), o Centro de Mídias terá novas possibilidades além das aulas gravadas, como foram apresentadas ao longo de 2020, de acordo com Bruna.
Uma delas é que os próprios professores transmitam, ao vivo, as aulas diretamente de suas turmas para os alunos que não estão na sala. Segundo Bruna, as salas de aula foram equipadas com TV, câmera e microfone para isso. Haverá, também, grupos de reforço para que alunos recuperem conteúdos. Inicialmente, 500 mil alunos devem ser contemplados.
Gratuitos
Jovens com idade entre 14 e 29 anos e pessoas com deficiência podem se inscrever nos cursos profissionalizantes gratuitos do IOS até o dia 3 de março.
Segundo a instituição, há 1.400 vagas para os cursos na Grande São Paulo, que terão aulas a distância ou semipresenciais. Alunos que não têm acesso à internet receberão um chip de dados para que possam assistir às aulas pelo celular ou pelo tablet.
A inscrição pode ser feita pelo site ios.org.br. A plataforma de capacitação do Code Iot, da Samsung, também oferece vagas gratuitas. Os cursos são totalmente online e acontecem em ciclos: o atual vai até 7 de março e recebe inscrições até 21 de fevereiro pelo site codeiot.org.br. Não há limite de vagas, e, como o conteúdo fica disponível até o fim do período, as aulas podem ser assistidas no ritmo desejado até lá.
Robótica na periferia
A professora de informática Alessandra Panduro também reforçou os estudos de temas de tecnologia para passar conceitos de robótica a alunos da Emef Professor André Rodrigues de Alckmin, na Brasilândia, zona norte. Alessandra fez os cursos do Code IoT, o programa de capacitação da Samsung.
O grupo “Parceiros Robóticos” é composto por 70 alunos do 4º ao 9º ano. Segundo a professora, os jovens utilizam componentes eletrônicos e materiais que tenham em casa para construir protótipos.
“A tecnologia está em todo lugar. Quem tem a informação está um passo à frente. Para os alunos da periferia, é um desafio, porque a gente trabalha muito a autoestima, e muitos acham que só escolas particulares têm oportunidade.”
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