Mães de alunos da rede municipal selecionadas para trabalhar nas escolas como monitoras de protocolos contra a Covid-19 compareceram nesta sexta-feira (26) aos postos do Cate (Centro de Apoio ao Trabalho e Empreendedorismo) para a contratação. Das mais de 91 mil inscritas, 4.543 mulheres foram aprovadas e iniciam o trabalho na segunda-feira (1º). O processo continua neste sábado (27) e no domingo (28), das 10h às 16h.
A Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo divulgou uma lista com o nome das cerca de 4.500 mães escolhidas, local e horário em que elas devem comparecer presencialmente para a entrega de documentos e preenchimento do Termo de Compromisso e Responsabilidade.
Iana Pabilly do Amorim Reis, 35 anos, é uma das mães que começa a trabalhar na segunda-feira. Desempregada, seu último trabalho formal foi há 16 anos. Desde então, tentou trabalhar por conta própria como vendedora ambulante e, agora, faz trabalhos pontuais como costureira.
"Faço máscaras para vender e não pretendo parar. Vou tentar intercalar o trabalho na escola e o da máquina [de costura]", conta Iana, que foi ao Cate Central (Centro de Apoio ao Trababalhador), na avenida Rio Branco, para entregar documentos. Seu marido é caminhoneiro e teve de lidar com a redução das viagens de trabalho, principalmente no início da pandemia. "Faço de tudo, o possível e o impossível, para ajudá-lo, porque ele sozinho não tem condições", complementa.
Iana é mãe de três filhos: Samuel, 5; Manuela, 8; e Samara, 18. Ela vai trabalhar na Emef Professor Abrão de Moraes, na Vila Nhocuné (zona leste), escola em que Manuela estuda.
Os critérios de seleção das mães do POT (Programa Operação Trabalho) incluíram estar desempregada há mais de quatro meses e ter renda familiar de até meio salário mínimo por pessoa da família. Na triagem, também foram aplicados critérios de desempate como maior tempo de desemprego, maior idade e ser mãe de criança matriculada na rede municipal de ensino.
“Além dos critérios do POT e desta seleção em especial, priorizamos ainda que as mulheres trabalhem nas escolas onde seus filhos estudam, o que fará com que o dia a dia seja mais leve e o trabalho mais produtivo”, explica a secretária de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo, Aline Cardoso.
"Fiquei feliz, parecia até que era meu primeiro emprego depois de tantos anos parada", relata Jéssica Torris Macedo, 30, sobre sua reação ao ver seu nome na lista de selecionadas. Seu último registro formal foi em 2017 e, nos últimos anos, ela busca trabalhos pontuais enquanto cuida dos filhos.
Mãe de Pedro Henrique, 7, e Maria Eduarda, 5, ela fiscalizará os protocolos sanitários na Emef Visconde de Cairú, em Cidade Patriarca (zona leste). Jéssica conta que o menino se empolgou ao saber que a mãe vai trabalhar na escola em que estuda. "Só fico preocupada com minha filha, porque não tenho ninguém para ficar com ela", explica, dizendo que vai tentar se organizar assim que souber seu horário.
As escolas contarão com três mães para fazer trabalhos como a aferição de temperatura, higienização de equipamentos e ambientes de uso coletivo, monitoramento e sensibilização no ambiente escolar. A definição dos turnos de trabalho de cada uma das mulheres é de responsabilidade da direção das escolas.
Durante seis meses, essas mães receberão R$ 1.155 mensais. A carga de trabalho é de 30 horas semanais, divididas em seis horas por dia. "Para quem está sem trabalhar, é um alívio. O dinheiro vai ajudar bastante", diz Luana Mariana Alves Mariano, 28. Mãe solteira, ela perdeu seu emprego em um salão de beleza logo no início da pandemia.
A dona de casa Ana Carolina Romão Di Giura, 32, também considera a oportunidade ótima para conseguir uma renda extra para a família. Ela foi contratada para trabalhar na Emef Álvares de Azevedo, em Jardim Panorama (zona leste), onde estudam dois de seus três filhos.
"Por causa da pandemia, eu estava insegura de mandar meus filhos para a escola. Agora, vou poder acompanhar mais de perto", afirma Ana Carolina. Ela teve que parar de trabalhar há sete anos para cuidar dos filhos, mas, para ajudar na renda familiar, faz bolos para vender. "É bem pesado, nós somos em cinco e eu estava ajudando meu marido. Essa oportunidade de trabalho para mim vai ser ótima."
Originalmente, o POT previa 4.590 vagas para atuar em 1.535 escolas de administração direta da prefeitura. As 2.156 creches conveniadas da rede municipal ficaram de fora do programa. Segundo a prefeitura, 47 vagas não foram preenchidas por falta de candidatas que atendam aos quesitos mínimos da legislação.
A partir desta sexta, será feita a convocação das vagas remanescentes no site da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo. Serão chamadas mães que não foram chamadas na primeira lista.
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