A Academia de Cinema dos EUA anunciou nesta semana os indicados ao Oscar de 2021, que será a 93ª edição da premiação. A relação foi saudada como uma escolha mais diversa e por uma marca histórica: pela primeira vez duas mulheres disputam a estatueta de melhor direção, a chinesa Chloé Zhao (“Nomadland”) e a britânica Emerald Fennell (“Bela Vingança”).
Mas este ineditismo traz consigo outros dados nada positivos. Em mais de 90 anos da premiação, antes deste ano, apenas cinco mulheres haviam sido indicadas à estatueta de melhor direção: Lina Wertmüller (“Pasqualino Sete Belezas”, em 1977), Jane Campion (“O Piano”, em 1994), Sofia Coppola (“Encontros e Desencontros”, em 2004), Kathryn Bigelow (“Guerra ao Terror”, em 2010) e Greta Gerwig (“Lady Bird: A Hora de Voar”, em 2018).
E apenas uma dela foi premiada. Kathryn foi a única mulher a, em 92 anos de festa do Oscar, receber o prêmio de melhor direção.
Para Luísa Pécora, jornalista e criadora do site Mulher no Cinema, a baixa presença histórica de diretoras nas indicações é reflexo da falta de oportunidades para as mulheres no cinema, no caso, o norte-americano.
"O Oscar é um dos filtros da indústria. É uma questão de oportunidade. Se, por exemplo, temos cinco filmes de mulheres sendo bem vistos, participando de competições, com boas bilheterias, teremos cem longas dirigidos por homens”, diz.
Na visão da jornalista, é cedo para dizer se as indicações de Chloé e Emerald são um sinal de novos tempos na Academia. “Quando Kathryn Bigelow recebeu o Oscar, muitos disseram que a indústria estava mudando, mas tivemos de esperar mais oito anos para que uma outra mulher fosse novamente indicada”, analisa.
Luísa lembra que a Academia se comprometeu a buscar mais diversidade após a premiação de 2015, conhecida como “Oscar so white” (“Oscar tão branco”), quando apenas brancos foram indicados às principais categorias.
Em 2016, a Academia prometeu dobrar o número de mulheres e pessoas não brancas entre os cerca de 8.000 votantes. Segundo dados de julho de 2020, total de mulheres foi de 1.446 em 2015 para 3.179 no ano passado. Já as pessoas não brancas, que antes eram 554 na Academia, agora são 1.787.
“Não é possível saber se as indicações deste ano já são um reflexo desta mudança no corpo votante. Passamos por um ano muito atípico, com cinemas fechados e filmes com grandes orçamentos, incluindo para publicidade, sendo adiados. A Academia teve de se voltar para o streaming e para obras de menor custo. ‘Nomadland’ é um exemplo disso. É preciso esperar o que vai acontecer quando tudo voltar ao normal”, avalia Luísa.
Para a jornalista, a movimentação da Academia em direção à diversidade só aconteceu por pressão. “Tem de ser contínua. Só assim haverá mudanças”, diz.
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(preços e disponibilidade nos serviços de streaming pesquisados em 24 de abril)
LINA WERTMÜLLER
A italiana, hoje com 92 anos, foi a primeira mulher indicada ao Oscar de melhor direção, em 1977, por “Pasqualino Sete Belezas” (1975). O vencedor foi John G. Avildsen, por “Rocky, o Lutador”. Em sua carreira, Lina já dirigiu 33 filmes e foi roteirista de 37 longas, entre eles “Irmão Sol, Irmã Lua” (1972), de Franco Zeffirelli. Em 2019, recebeu um Oscar honorário por sua obra. Dois anos antes, a francesa Agnès Varda havia se tornado a primeira diretora a receber a homenagem.
ONDE VER
MIMI, O METALÚRGICO (1973)
Prime Video: grátis para assinantes
JANE CAMPION
Nascida na Nova Zelândia, Jane, hoje com 67 anos, começou a filmar nos anos 1980, recebendo prêmios locais e internacionais por seus curta metragens (o primeiro, “Peel”, ganhou a Palma de Ouro de Cannes para curtas, em 1986). Em 1993, Jane voltou a ser premiada em Cannes, por “O Piano”, tornando-se a única diretora a receber, até hoje, a Palma de Ouro. No ano seguinte, foi indicada ao Oscar pelo mesmo filme. O vencedor foi Steven Spielberg, por “A Lista de Schindler”. Com indicação também por roteiro original, Jane levou essa estatueta.
ONDE VER
O PIANO (1993)
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O BRILHO DE UMA PAIXÃO (2009)
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SOFIA COPPOLA
Filha do diretor Francis Ford Coppola, Sofia começou ainda bebê no cinema, em uma cena de “O Poderoso Chefão”. Atuou em outros filmes do pai, mas voltou-se para a direção nos anos 1990, começando por videoclipes e curtas metragens. A indicação ao Oscar de melhor direção em 2004 veio por seu segundo longa, “Encontros e Desencontros” (2003). Quem levou a estatueta foi Peter Jackson, por “O Senhor dos Anéis”. Já Sofia foi premiada com o Oscar de melhor roteiro original.
ONDE VER
AS VIRGENS SUICIDAS (1999)
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ENCONTROS E DESENCONTROS (2003)
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MARIA ANTONIETA (2006)
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UM LUGAR QUALQUER (2010)
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BLING RING, A GANGUE DE HOLLYWOOD (2013)
HBO GO: grátis para assinantes; Prime Video: grátis para assinantes; Google Play: R$ 2,90 (aluguel) e R$ 9,90 (compra)
O ESTRANHO QUE NÓS AMAMOS (2017)
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ON THE ROCKS (2020)
Apple TV Plus: grátis para assinantes
KATHRYN BIGELOW
“É o momento de uma vida”, assim Kathryn Bigelow descreveu o que sentia ao receber o Oscar de melhor direção de 2010 por “Guerra ao Terror” (2008). O longa faturou outras cinco estatuetas: filme, roteiro original, edição, edição de som e mixagem de som. A californiana, hoje com 69 anos, foi novamente indicada em 2013, por melhor filme com “A Hora mais Escura” (2012), mas acusações de que o longa fazia apologia à tortura prejudicaram o desempenho da obra na premiação.
ONDE VER
QUANDO CHEGA A ESCURIDÃO (1987)
Telecine Play: grátis para assinantes; Belas Artes à La Carte: grátis para assinantes
JOGO PERVERSO (1990)
Apple TV: R$ 11,90 (aluguel) e R$ 14,90 (compra); Google Play: R$ 6,90 (aluguel) e R$ 29,90 (compra),
CAÇADORES DE EMOÇÃO (1991)
Telecine Play: grátis para assinantes; Prime Video: grátis para assinantes
O PESO DA ÁGUA (2000)
Telecine Play: grátis para assinantes
K-19 (2002)
Apple TV: R$ 11,90 (aluguel) e R$ 24,90 (compra); Microsoft Store: R$ 5,90 (aluguel) e R$ 23,90 (compra)
GUERRA AO TERROR (2008)
Prime Video: grátis para assinantes; Google Play: R$ 3,90 (aluguel) e R$ 19,90 (compra)
A HORA MAIS ESCURA (2012)
Netflix: grátis para assinantes; Globoplay: grátis para assinantes; Looke: R$ 4,99 (aluguel) e R$ 19,99 (compra)
DETROIT EM REBELIÃO (2017)
Telecine Play: grátis para assinantes
Apple TV: R$ 7,90 (aluguel) e R$ 17,90 (compra)
Google Play: R$ 3,90 (aluguel) e R$ 19,90 (compra)
Looke: R$ 4,99 (aluguel) e R$ 19,99 (compra)
GRETA GERWIG
Oito anos se passaram após o Oscar de Kathryn Bigelow até que a também californiana Greta Gerwig, hoje com 37 anos, fosse indicada em 2018 por sua estreia solo na direção com “Lady Byrd, A Hora de Voar”(2017). Antes, havia dividido a direção de “Ninghts and Weekends” (2008) com Joe Swanberg. Em 2018, quem levou a estatueta foi Guillermo del Toro, por “A Forma da Água”. Greta voltou a ser indicada no ano passado, pelo roteiro adaptado de “Adoráveis Mulheres”.
ONDE VER
LADY BIRD (2018)
Netflix: grátis para assinantes; Claro Vídeo: R$ 6,90 (aluguel); Google Play: R$ 9,90 (aluguel) e R$ 24,90 (compra); Looke: R$ 6,99 (aluguel) e R$ 58,90 (compra)
ADORÁVEIS MULHERES (2019)
HBO GO: grátis para assinantes; Apple TV: R$ 9,90 (compra); Google Play: R$ 19,90 (compra); Looke: R$ 42,90 (compra); Microsoft Store: R$ 22,90 (compra)
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