Represas da Grande São Paulo têm níveis mais baixos desde 2016

Especialista e Sabesp afirmam, entretanto, que indicadores ainda não preocupam, apesar da chegada do período seco

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São Paulo

Juntos, os sete reservatórios que abastecem a região metropolitana de São Paulo contavam nesta sexta-feira (30) com 59,1% de sua capacidade, menor índice desde 2016, quando, na mesma data daquele ano, os seis reservatórios disponíveis até então contavam com 45,3% de sua capacidade. Aquele ano foi o último da crise hídrica, iniciada em 2014 na região.

​ O volume de chuvas no sistema ficou 28% abaixo da média histórica, que no Cantareira é de 727,5 mm nos quatro primeiros meses deste ano, e, até essa sexta, choveu 524,2 mm.

O volume de água armazenado em todos os reservatórios nesta sexta era de 18,1% inferior ao registrado no ano passado. Pela análise dos boletins da Sabesp, do governo João Doria (PSDB), constata-se que, só neste mês, os sete reservatórios tiveram, juntos, 546,6 mm de chuva. Desse total, 44,6% (244 mm) foram precipitações que atingiram o sistema Rio Claro, o menor em vazão entre eles.

A partir de maio até setembro tem início o chamado período seco. Ele leva esse nome pois o índice de chuvas esperado reduz em relação aos primeiros meses do ano.

“Ainda não é preocupante. Isso ocorreria se estivéssemos abaixo dos 40%”, afirma o professor Antônio Carlos Zuffo, do Departamento de Recursos Hídricos da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

O especialista afirma a situação só começará a ficar preocupante se ao final do chamado período seco, as chuvas não recuperarem as represas. “Tudo vai depender se tivermos chuva abaixo da média ou não. Se o ganho for abaixo da média dos gastos, ai estaremos no vermelho.”

O especialista estima que os mananciais devem chegar em setembro próximo com volume de água de 20 pontos percentuais a 30 pontos percentuais inferiores ao que se observa atualmente.

Adilson Nunes, gerente do Departamento de Recursos Hídricos da Região Metropolitana da Sabesp, afirma que a situação atual não é a de desabastecimento e que os dados não chegam a preocupar. “Embora a gente esteja entrando agora num período seco, estamos acompanhando e temos um sistema de monitoramento”, afirmou.

Ele disse que a empresa pede para que as pessoas continuem a fazer uso racional da água.

Ele afirmou que embora o sistema Cantareira ainda seja fundamental para o abastecimento da região metropolitana, atualmente é possível fazer manobras para utilizar águas de outros sistemas em melhores condições e preservar o reservatório. “Chegamos a tratar 32 mil litros de água por segundo no Cantareira e hoje tratamos 23 mil”, afirmou.

Em relação ao volume de chuvas de abril, ele diz que houve uma diminuição no comparativo com outros meses, porém, lembra que foi superior ao ano de 2020.

Nunes afirma que a pandemia do novo coronavírus não elevou a média de consumo diário. Antes da crise hídrica que se abateu sobre a região metropolitana entre 2014 e 2016, cada habitante consumia em média 170 litros de água por dia, número que caiu para 120 litros por dia durante os períodos de maior seca. Atualmente, esse volume oscila de 127 litros a 130 litros diários por pessoa.

“Percebemos uma queda de consumo na região central e em outras que congregam atividades econômicas e elevação de consumo nos bairros”, afirmou.

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