Tanques. Pátria. Coturnos.
Aproxima-se o 7 de Setembro.
O governo Bolsonaro avisa.
É vai ou racha.
Em Brasília, o general Perácio convocou uma reunião.
—É claro que somos a favor da democracia...
Os ministros ouviam em silêncio.
—Mas tudo tem limites.
A mão de granito explodiu sobre a mesa de jacarandá.
—É hora de quebrar essa joça.
Outro tapa.
O assessor Guarany tentou ajudar.
—O senhor quer uma machadinha?
Perácio não entendeu.
—Para quê machadinha, cretino?
—Para o senhor quebrar a joça da mesa.
—Não é disso que eu estou falando, rapaz.
Ele encarou a ministra.
—Você, que é uma mulher inteligente... entendeu o que eu disse?
—Hã...
Ela pediu licença para pensar.
A goiabeira preferida ficava nos jardins do palácio.
Ela começou a meditação.
Surgiu um jovem à sua frente.
Barba. Bigode. Olhar doce e compassivo.
—Jesus?
—Sou dom Pedro 1º, minha filha.
Era o fantasma de Tarcísio Meira.
Veio o grito.
—Independência ou morte!
No susto, a ministra caiu do galho.
O passado traz seus fantasmas.
Mas democracias, por vezes, são como goiabeiras.
Quando balançam, quem está no alto acaba caindo.
Voltaire de Souza: Mistério na goiabeira
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