Descrição de chapéu Zona Leste trânsito

Zona leste é campeã de apagões em semáforos vandalizados na capital paulista; veja endereços

Equipamento no cruzamento ente a avenida São Miguel e a rua Taiuvinha é o recordista

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São Paulo

A zona leste da capital paulista lidera um ranking caótico para motoristas e pedestres neste ano: o vandalismo de semáforos. Dos dez principais pontos que mais sofrem com o furto de fios na cidade, oito estão na região.

Os outros dois pontos com mais incidências estão localizados na zona sul, um no Ipiranga e outro em Parelheiros.

Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), o vandalismo mudou do centro, onde era mais concentrado no ano passado, para a zona leste.

De acordo com a empresa da gestão Ricardo Nunes (MDB), de janeiro a setembro deste ano, a empresa já gastou aproximadamente R$ 9 milhões para repor 273 quilômetros de cabos semafóricos e trocar 198 controladores, em 3.686 ocorrências registradas. A quantidade já é 11,5% superior em relação a igual período do ano passado, quando foram anotadas 3.306 ocorrências.

Pedestres tentam atravessar a estrada do Imperador, em São Miguel, na zona leste, com o semáforo quebrado; local é o terceiro com mais apagões por causa de vandalismo - Ronny Santos/Folhapress

A principal vítima dos vândalos é o equipamento instalado no cruzamento da avenida São Miguel com a rua Taiuvinha, na Vila Jacuí. No período mencionado foram 40 ocorrências de furtos de cabos, que, entre outros, prejudica quem pretende acessar um dos lados da avenida, que possui faixas de ônibus em ambos os sentidos.

A reportagem esteve no cruzamento na manhã de quinta-feira (21), quando os sinalizadores funcionavam normalmente. Mas a reclamação no local é grande.

Após deixar um hipermercado que existe próximo ao cruzamento, e enquanto atravessava para pegar o ônibus, o aposentado Antônio Adarilo, 66 anos, conversou com o Agora. O homem alegou que geralmente, quando o semáforo está quebrado, os agentes da CET colocam cone, mas que mesmo assim é perigoso. "Você precisa tomar cuidado. É bem complicado".

Quem também se queixou da situação foi a costureira Nadir Ferreira, 47. Para ela, os motoristas precisam ser mais cordiais e pacientes. "Ninguém para. Tem que ficar pedindo. Tem que atravessar correndo".

"Os caras arrumam e, no outro dia, roubam de novo. Colocam a fiação e, no outro dia, já está quebrado", afirmou o vendedor Leonardo Vitor dos Santos, 34, que trabalha numa oficina mecânica quase que de frente para o cruzamento líder em furtos de fios.

Mulher atravessa via com semáforo quebrado em São Miguel, na zona leste de SP - Ronny Santos/Folhapress

Há cerca de 20 quilômetros dali está o segundo colocado na lista de locais com mais incidência de vandalismo. O sinal de trânsito instalado na avenida dos Metalúrgicos, na altura do número 1.797, em Cidade Tiradentes. Mesmo localizado em frente ao hospital Santa Marcelina, o equipamento não escapa da fúria dos vândalos, já que entre janeiro e setembro, o ponto registrou 33 ocorrências.

De acordo com a professora Thalita Oliveira, 37, é um sacrifício atravessar quando o farol está apagado. "[Precisa] esperar bastante ou esperar os carros pararem. Hoje [quinta], até me surpreendi que ele está funcionando. O pessoal rouba muito os fios para pegarem o cobre, pelo menos é o que diz a lenda".

Mais alguns quilômetros percorridos pela zona leste e estamos frente ao terceiro colocado no ranking dos equipamentos danificados: estrada do Imperador, 1.900, no Jardim São Sebastião.

Ali, diferentemente dos demais pontos visitados, o semáforo estava piscando a luz amarela na quinta. Já os sinalizadores para pedestres estavam totalmente apagados.

Após deixar o mercado municipal, que fica em frente ao equipamento, a aposentada Maria Madalena Siqueira, 63, tentava atravessar o local com pressa. E tinha um motivo presente no cotidiano de muitas avós: preparar os netos e os levar até a escola. "Está mais quebrado do que arrumado", disse.

O vendedor ambulante Osmar Barba, 65, que vende biscoitos em sua Kombi ao lado do mercado municipal, afirmou que não adianta arrumar, e que o certo seria passar graxa nos postes para que os ladrões não consigam subir e assim arrancar os fios.

"Eles roubam até o botão. Está uma vergonha. Se colocar hoje, amanhã já não tem nada. O dia que não roubar, é porque o ladrão está doente", afirmou. Segundo ele, sua vida como vendedor ambulante é mais difícil, devido à fiscalização da prefeitura, do que a do ladrão de cabos. "Eu estou trabalhando, a polícia manda eu sair. Os caras roubam o fio e ficam à vontade. Se o cara [funcionário da prefeitura] colocar o fio três vezes na semana, três vezes são roubados."

GCM deveria vigiar campeões de furtos

Se os casos de furtos pipocam por ruas e avenidas da zona leste, a prefeitura deveria reforçar a vigilância dos locais com a presença da GCM (Guarda Civil Metropolitana). Pelo menos esse é o entendimento do advogado especializado na área de trânsito e integrante da Comissão de Trânsito da OAB/SP (Ordem dos Advogados do Brasil), Fábio Karaver. "Precisa colocar a GCM nos locais mais afetados, depois de consertados, para não acontecer novamente. A prefeitura precisa que colocar mais segurança nestes locais, para que isso não aconteça novamente, pois o trânsito fica caótico", afirmou.

Karaver também explicou que é necessário, assim que notificado o problema, o envio de agentes para controlar o fluxo. "São locais, em alguns casos, de muito movimento, e os motoristas abandonados sem ninguém para orientar o trânsito".

Sobre os principais casos de vandalismo estarem concentrados na zona leste, o especialista aponta a distância em relação à região central, tecnicamente mais policiada. "Como é muito mais afastado do centro, fica mais fácil para efetuar o serviço sem chamar tanto a atenção."

Resposta

Em nota, a CET, da gestão Ricardo Nunes, disse que há uma mudança na região mais afetada, uma vez que no ano passado a maior quantidade de falhas por furto ou vandalismo estavam concentradas na área central. A empresa explicou que São Paulo possui 6.629 cruzamentos e travessias semaforizadas.

Sobre as medidas tomadas, a companhia sustentou que "tem feito o alteamento dos controladores semafóricos, a concretagem e soldagem das tampas das caixas de passagem da fiação, bem como das janelas de inspeção das colunas semafóricas".

A CET ainda disse que atua conjuntamente com a Secretaria de Segurança Pública, Polícias Civil e Militar e com a GCM para a adoção de medidas que combatam esse tipo de crime.

Em nota, a Guarda Civil Metropolitana disse "que realiza diuturnamente policiamento preventivo nos pontos mais vulneráveis, a fim de coibir furtos de materiais metálicos". A GCM ainda afirmou que apoia outros órgãos das esferas públicas, que visam combater a comercialização ilegal de sucatas e itens de metal nos ferros-velhos da cidade. A ação visa inibir a receptação e venda de produtos adquiridos por meio de furtos, tais como: fios de postes de iluminação pública, tampas de metal, cabos de telefonia.

Procurada, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) não respondeu até a conclusão desta reportagem.

Ranking | Locais com mais apagões de semáforos na capital

De janeiro a setembro de 2021

Locais Casos
Av. São Miguel x r. Taiuvinha, São Miguel Paulista (zona leste)
Av. dos Metalúrgicos, 1.797, Cidade Tiradentes (zona leste)
Estrada do Imperador, 1.900, São Miguel (zona leste)
Av. do Estado x r. dos Patriotas, Ipiranga (zona sul)
Av. Sapopemba x av. Salvador Jorge Velho, Parque São Rafael (zona leste)
Av. Jacu-Pêssego/Nova Trabalhadores x av. Ragueb Chohfi, Parque São Rafael (zona leste)
Av. Mal. Tito x praça Lions Clube, Itaim Paulista (zona leste)
Av. José Pinheiros Borges x r. Modelo, Itaquera (zona leste)
Av. Calim Eid x r. Jarauara, Vila Ré (zona leste)
Av. Sen. Teotônio Vilela x retorno da r. Luiz Supertti, Parelheiros (zona sul)
40
33
30
23
22
18
17
16
14
12

Fonte: CET

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