Descrição de chapéu casamento

Em casamentos, convidados usam fitas coloridas para liberar ou vetar contato físico

Estratégia adotada por noivos busca evitar constrangimentos e deixar as pessoas mais confortáveis

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Com a diminuição dos números de casos e óbitos por Covid-19, muitos noivos e noivas estão optando por realizar as festas de casamento que haviam sido adiadas. Para evitar situações constrangedoras, casais adotaram estratégias para que os convidados sinalizem o quão confortáveis estão em ter contato físico, como usar fitinhas, adesivos ou pulseiras personalizadas.

A gerente de vendas Graciela Rodrigues Lima, 34 anos, e o empresário Thiago Alves dos Santos, 33, de São Paulo, escolheram disponibilizar fitinhas coloridas em seu casamento no último dia 31 de outubro. "É para evitar saias justas. Sempre tem aqueles que querem abraçar, beijar e, às vezes, a outra pessoa não se sente tão confortável", diz a noiva.

Logo na entrada, antes da cerimônia, os convidados foram orientados a escolher qual cor de fitinha usar e prendê-la na roupa. Eram duas cores: o verde, que indicava que a pessoa queria abraçar e ter maior aproximação com os outros, e o amarelo, que sinalizava que o convidado optou por maior distanciamento e preferiu trocar o abraço por um soquinho como cumprimento.

Os noivos explicam que o objetivo era fazer com que aqueles que quisessem reduzir os riscos de exposição também pudessem aproveitar a confraternização, que contou com cerca de 190 convidados.

No dia da cerimônia, porém, a maior parte escolheu a fitinha verde. "Para muitos dos nossos convidados, é a primeira festa desde o começo da pandemia. É um evento de desfecho de um ciclo ruim para o início de um ciclo bom", afirma Thiago.

"Eu peguei a fitinha verde, então, para mim, estava ok abraçar, mas, hoje em dia, com a pandemia, a gente tem que respeitar o espaço do próximo", conta a administradora Camilla Donnay, 32, uma das convidadas. Ela diz que a estratégia funcionou, pois encontrou amigos que não via há quase dois anos e soube melhor como agir. ​

A assessora de eventos Tathiana Frascino foi quem trouxe a ideia das fitinhas para a cerimônia de Graciela e Thiago, já que havia realizado um outro casamento em outubro utilizando a estratégia. Segundo ela, além das fitas, a vacina também é um ponto importante para alguns anfitriões.

"A vacinação virou um passaporte. Eu tive um casamento em que os noivos exigiram que os convidados tivessem pelo menos a primeira dose. Quem não tomou, não foi", relata.

A arquiteta Raquel Cavalcanti, 32, adotou seu próprio "vacinômetro" dos convidados de seu casamento com o administrador João Vitor Domingues, 32, que aconteceu em 16 de outubro. Na planilha de lista de convidados, ela diz ter criado colunas para marcar quem tinha tomado a primeira e a segunda dose.

"Pedimos para as pessoas irem avisando a gente conforme tomavam a vacina, montamos um gráfico e, a cada 15 dias, eu atualizava no site", conta. Segundo Raquel, no dia da festa, 99% das pessoas tinham tomado a primeira dose e 93% estavam com a imunização completa.

O casamento de Raquel e João Vitor também contou com as fitinhas coloridas para os convidados. "A cor azul significava 'tô de boa, posso abraçar e conversar de perto' e o laranja era 'me cumprimente de longe'", esclarece a noiva.

No casamento de Raquel e João Vitor, as fitinhas azuis liberavam abraços e contato físico, enquanto as laranjas sinalizavam um pedido de distanciamento. - Arquivo pessoal / Raquel Cavalcanti

As fitinhas que liberavam o contato físico foram as mais utilizadas, diz Raquel. "As laranjas foram totalmente abandonadas. Quem usou foi um pessoal mais velho, tios, idosos. Foi uma coisa mais simbólica, porque as pessoas que usaram fita laranja, no final, já estavam lá no meio se abraçando e se amando", afirma.

Pulseiras, adesivos e máscaras coloridas

Além das fitas presas nas roupas, há outras alternativas para os noivos que buscam disponibilizar essa sinalização para seus convidados, explicam os cerimonialistas.

"Tô feliz mantendo distância" e "abraços (porém de máscara!)" são exemplos de frases estampadas em adesivos que foram distribuídos em um casamento feito no final do ano passado pela organizadora de eventos Simone Wassermann.

Além dos escritos, os adesivos também tinham cores diferentes e, na entrada do casamento, os convidados escolhiam qual frase se aproximava mais de seu estado de espírito. "Funcionou bem. Tinha um pouco de tudo, como pessoas que colocavam todos os adesivos de uma vez na roupa. Mas o pessoal gostou", diz Simone.

Na festa organizada por Simone Wassermann, os convidados podiam colar adesivos na roupa sinalizando se estavam confortáveis com contato físico e maior proximidade. - Divulgação / Reidie Cavaglieri

Outra opção da organizadora é usar as cores das máscaras para mostrar qual tipo de interação o convidado está disposto a ter. Para isso, são disponibilizados modelos descartáveis de cores diferentes que indicam se a pessoa está cumprimentando, se quer abraços ou se prefere manter a distância.

Simone explica que a proposta será colocada em prática em um casamento no início de 2022. A ideia é que cada convidado possa escolher qual cor de máscara usar logo na entrada da celebração. "Já que temos que usar, vamos fazer disso algo divertido", defende a profissional.

Para um casamento que aconteceria na última sexta (12), o organizador de eventos da Projeto Casamento Assessoria, Adriano Guimarães, iria oferecer duas opções aos noivos: pulseiras de tecido ou de LED. Em ambos os casos, seriam usadas três cores: verde (abraços liberados), amarelo (pergunte antes de abraçar) e vermelho (sem contato físico).

Os noivos optaram pelo uso das pulseiras de tecido e iriam distribuí-las para os convidados. "A decisão tem um impacto financeiro. As pulseiras de LED são mais caras e, se você tem 200 convidados, você não pode comprar somente 200 pulseiras, porque não sabe quantas pessoas vão usar qual cor", esclarece Guimarães, que faz parte da Abrafesta (Associação Brasileira de Eventos).

Testagem encarece evento

Segundo profissionais que organizam eventos, oferecer testes rápidos para Covid-19 para os convidados é uma opção escolhida por noivos que querem se sentir mais seguros. No entanto, não são todos que optam pela testagem, já que o valor pode ultrapassar o orçamento previsto para o casamento.

De acordo com Bruna Rabboni, da Assessoria Santo Casamenteiro, muitos noivos até consideram testar seus convidados, mas grande parte acaba desistindo por causa do valor. "Não adianta fazer testagem só dos convidados e não incluir toda a equipe que vai estar trabalhando lá no dia. Só que, para isso, o número de testes praticamente dobra", diz a profissional.

O preço da testagem em casamentos pode variar entre R$ 60 a R$ 150 por convidado, segundo os cerimonialistas consultados pelo Agora. O valor depende do laboratório contratado e do tipo de teste que será realizado (exame de sangue, swab nasal ou oral).

"Nos casamentos menores, de 40 ou 50 pessoas, isso funciona bem", afirma Cinthia Rosenberg, assessora de eventos. "Montamos uma salinha logo na entrada e contratamos uma empresa especializada que faz o teste na hora. O resultado sai entre cinco e dez minutos."

Já em casamentos maiores, explica a profissional, isso pode gerar tumulto na entrada. Por isso, alguns noivos contratam uma empresa, pedem que os convidados façam o teste em uma das unidades e levem o resultado no dia.

Cinthia diz ter feito três casamentos pequenos e dois maiores que optaram pelos testes. "Nem 5% dos meus casamentos fizeram testagem. A maioria não está fazendo, porque ninguém quer ter esse custo e não dá para obrigar os convidados a gastarem R$ 100 para fazer", conta.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.