Estudantes da Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Henrique de Souza Filho - Henfil criaram um projeto social para ajudar moradores em situação de vulnerabilidade no Jardim Marilú (zona leste da cidade de São Paulo), bairro em que a escola está situada.
O "Olhar da Quebrada", elaborado em 2020 pelos alunos Cauã Roberto, Fernando Gama e Guilherme de Andrade, sob o apoio e orientação dos Professores Bruno Ferreira e Lúcia do Vale, contou com uma pesquisa sobre as desigualdades existentes no bairro para, então, buscar soluções.
No questionário online feito com moradores, os alunos notaram que a maioria se sentia vítima da desigualdade social, devido à sua classe social e à sua raça. Diante disso, os estudantes realizaram uma série de ações para aumentar as oportunidades para as pessoas da região.
A primeira foi a criação de um grupo em uma rede social com o objetivo de estimular o comércio e a prestação de serviços entre os moradores do Jardim Marilú.
"A ideia é fazer com que se movimente a economia local", diz Bruno de Souza Rodrigues Ferreira, professor de educação digital e um dos orientadores do projeto. "Eles ouviram relatos de pais e familiares de estudantes da escola que dependiam de algum comércio na região e foram impactados com a pandemia de Covid-19", completa.
O mesmo grupo, ainda no ano passado, desenvolveu uma campanha de arrecadação de alimentos na escola e realizou uma grande campanha de doação.
Durante este período, o projeto foi inscrito na 6ª edição do Desafio Criativos da Escola, organizado pelo programa Criativos da Escola, do Instituto Alana, e foi premiado. Cada integrante do grupo, além de se tornar embaixador do Criativos da Escola, ganhou R$ 2 mil. Parte desse valor foi revertido para as ações.
"Eles conseguiram ajudar mais de 60 famílias", afirma Ferreira. "A campanha deu esperança e ajudou pontualmente as pessoas", destaca.
Com a mesma verba que ganharam na premiação, os estudantes ainda criaram uma horta comunitária na escola e aberta para todos os moradores do bairro da zona leste, que podem plantar e colher o que é produzido no local.
"Foi uma doce surpresa eles terem sido premiados e usarem a premiação em prol da comunidade. Eles conseguiram fazer muito bem a partilha do prêmio", diz Lucia Maria do Valle, professora de ciências e que acompanhou o projeto.
O coordenador do programa Criativos da Escola, do Instituto Alana, Gabriel Salgado, elogiou a iniciativa. "Foi incrível receber uma iniciativa de estudantes da educação básica que muitas vezes são estereotipados e promovem uma grande mobilização comunitária para resolver um problema prático", diz Salgado.
O Instituto Alana é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que aposta em programas que buscam a garantia de condições para a vivência plena da infância. Criado em 1994, é mantido pelos rendimentos de um fundo patrimonial desde 2013.
O programa em específico existe desde 2015 e premiou, no ano passado, a melhor iniciativa que buscasse uma alternativa prática e que contasse com o apoio da comunidade para um problema dentro ou fora da escola.
"Avaliamos os trabalhos com cinco critérios: o potencial de transformação social, o trabalho em equipe, a empatia, a criatividade e o protagonismo", explica o coordenador.
Quando for possível, os estudantes, que atualmente cursam o 9º ano, ainda planejam montar uma associação de moradores para discutir pautas sobre a melhoria do bairro.
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