Descrição de chapéu Centro Zona Leste

Viadutos no centro de SP estão sujos e com falhas nas grades de proteção

Pior condição é a do elevado Engenheiro Orlando Murgel

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São Paulo

O paulistano que se locomove a pé e necessita passar pelos viadutos localizados na região central e no início da zona leste da cidade precisa de uma grande dose de paciência e equilíbrio para não se acidentar.

A reportagem visitou cinco endereços entre a manhã e o início da tarde desta terça-feira (23) e o que pode notar foi a ausência de grades de proteção em boa parte dos elevados, assim como o já mostrado em matéria do Agora sobre as passarelas no Brás, além de piso irregular e sujeira.

O que estava em pior condição era o viaduto Engenheiro Orlando Murgel, que liga as avenidas Rio Branco e Rudge, no limite entre os bairros de Campos Elíseos e Bom Retiro, na região central de São Paulo. Já o melhor era o viaduto Guadalajara, no Belenzinho (zona leste), que não possuía problemas em sua estrutura.

A passagem elevada Engenheiro Orlando Murgel, que foi construída sobre a linha férrea da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e que também passa por cima da Favela do Moinho, é mais uma da lista das que sofrem corriqueiramente com os atos de vandalismo.

Bem em seu topo, no sentido centro, foram retirados três caibros de ferro que serviam de proteção e corrimão para pessoas com mobilidade reduzida. Um descuido, e a queda por sobre os trilhos pode ser fatal.

Lixo acumulado no viaduto Engenheiro Orlando Murgel, na região central de SP - Rivaldo Gomes/Folhapress

No mesmo sentido, mas ao final do viaduto, após o furto do mesmo tipo de proteção, desta vez em uma extensão bem maior, a prefeitura soldou gradis vistos em eventos com o que restou da estrutura da passarela.

"É um perigo. Eu passo quase todos os dias por aqui. Eu tenho um filho que passa por aqui. Só passo com ele de mãos dadas. Qualquer vacilo e ele pode cair", disse o garçom José Antonio de Oliveira, 37 anos.

As pessoas que passavam pelo local olhavam e caminhavam apressadamente, sem parar. Um homem se virou para a equipe de reportagem e disse que os usuários de drogas tiram os objetos para vender.

Se o piso para o pedestre está em boa situação, o mesmo não pode ser dito da limpeza. Havia muita sujeira em ambos os sentidos, mas os pontos mais críticos estavam condicionados aos extremos, tanto no cruzamento como a alameda Eduardo Prado, bem como na altura da rua Jaraguá.

Um morador da Favela do Moinho disse ser difícil encontrar equipes de limpeza da prefeitura varrendo o viaduto e, por isso, são os próprios vizinhos do elevado que se juntam e auxiliam na remoção da sujeira. "A gente mesmo da favela pega e limpa. Passa muita criança para ir para a creche, por isso a gente vai e limpa", disse o manobrista Jocivan Oliveira, 35.

Mais limpos, mas não tão conservados, estão outros dois viadutos localizados na região central. Principal via de ligação para quem deixa a zona leste em direção ao lado oeste da cidade, o viaduto Jaceguai possui ausência de proteção em diversos pontos em ambos os sentidos.

A poucos metros dali está o viaduto Pedroso, que liga a rua Vergueiro ao bairro da Bela Vista. Assim como os outros dois logradouros, a falta de grade também se fazia presente. Nesse caso, um pequeno trecho, nas proximidades com a rua Koko Ichikawa.

Pedestre desvia de buraco no viaduto Alcântara Machado, na Mooca, zona leste de SP - Rivaldo Gomes/Folhapress

No entanto, o piso do local possuía alguns pequenos desníveis, que era potencializado pela ausência de tampas em duas caixas de serviço, ocasionando buracos, bem próximo ao local em que a grade foi levada e não reposta.

"É preocupante para pessoas idosas ou com problemas na locomoção. Cabe ao prefeito tomar atitude", pontuou o técnico em eletrodoméstico Marco Antonio dos Santos, 59, sobre a condição do piso.

No viaduto Alcântara Machado, na Mooca (zona leste da capital paulista), além da falta de grade de proteção para os pedestres, visivelmente danificadas após acidentes com automóveis, o passeio estreito é um tormento para quem deseja fazer o trajeto entre as ruas dos Trilhos e André de Leão.

Com o calçamento estreito, que permite apenas uma pessoa transitar por vez, um buraco no passeio, causado após o furto ou remoção de uma tampa de ferro, faz com que o pedestre tenha que ir para rua e passar rente a ônibus articulados e outros tipos de automóveis.

No momento que a reportagem esteve no local, duas pessoas utilizaram a calçada do viaduto, já que necessitavam ir até um comércio nas proximidades da rua André de Leão. "Acessibilidade zero. Se fosse um deficiente, não conseguiria passar. É arriscado", falou a arquiteta Rayane Reis, 24. Ao seu lado estava o gerente financeiro Marcos Lima, 33, que também se queixou do espaço para quem precisa andar a pé. "Ninguém pensa no pedestre. Você pode tropeçar e cair na pista".

Resposta

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Amlurb, informa que a limpeza é feita regularmente durante a semana, mas durante a madrugada catadores de produtos que podem ser vendidos acabam espalhando o restante do lixo e essa situação perdura até a nova coleta. A equipe de fiscalização já foi acionada e fará uma inspeção o mais breve possível.

Equipe de zeladoria e limpeza da Prefeitura de São Paulo realiza o trabalho de varrição e coleta de resíduos na área do viaduto Orlando Murgel, na noite desta terça (23) - Prefeitura de SP/Divulgação

No viaduto Orlando Murgel, a varrição manual é diária e realizada nas laterais, onde há a passagem de pedestres. A varrição mecanizada é realizada na parte central do viaduto e ocorre de modo escalonado, às terças e quintas-feiras e aos sábados. De acordo com a equipe de zeladoria, nas duas extremidades, o viaduto é utilizado pelos moradores do local como ponto de triagem para escolha e separação de resíduos que podem ser aproveitados. A Amlurb informa que fará uma vistoria no local ainda nesta terça-feira (23).

A Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras (SIURB) informa que, ciente dos episódios de furtos e vandalismo contra as grades de proteção das pontes e viadutos da cidade, está trabalhando no processo de contratação de serviços gerais de manutenção e recomposição dos gradis dessas estruturas. A Consulta Pública será publicada no Diário Oficial ainda em novembro, e a previsão é que os serviços estejam contratados até o final de dezembro.

Informamos que a Secretaria já está levantando quais as pontes e viadutos apresentam gradis vandalizados, os projetos dos pontos que necessitam de intervenção estão em fase de elaboração. Os serviços serão executados assim que a contratação mencionada anteriormente estiver concluída.

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