Bilhete Único entra para a lista de serviços com mais queixas em SP

Ouvidoria Geral da prefeitura aponta 667 registros sobre o cartão no 1º semestre

As demandas relacionadas ao Bilhete Único, emitido pela SPTrans, entraram para a relação dos dez serviços com mais reclamações ou denúncias no primeiro semestre deste ano, segundo relatório da Ouvidoria Geral da Prefeitura de São Paulo, sob gestão do prefeito Bruno Covas (PSDB). 

De janeiro a junho, foram 667 protocolos, uma média mensal de 111. No mesmo período do ano passado, houve 89 queixas. 

No primeiro semestre do ano passado, a citação ao cartão sequer aparecia entre os dez serviços com o maiores queixas.

O pico de reclamações relacionadas ao Bilhete Único foi em fevereiro, com 158 registros. Os meses subsequentes apresentaram queda (veja ao lado). 

Em 1º de fevereiro, a gestão Covas anunciou a restrição de recarga nos cartões sem foto e dados pessoais, com limite máximo de carga de R$ 43, como medida para evitar fraudes. Os créditos acima deste valor deveriam ter sido utilizados até o último 1º de junho —o prazo foi prorrogado em maio para 30 de setembro.

O usuário do bilhete que tinha crédito excedente terá de fazer o novo cartão personalizado para poder transferir os valores. Por conta disso, houve uma corrida aos postos da SPTrans. 

Além disso, a partir de agora o prazo de utilização dos créditos é de 180 dias quando ocorrer elevação do preço das passagens.

Também disparou o número de cartões apreendidos ou cancelados por conta de suspeitas de fraude —entre janeiro e maio foram 637 mil.

Os serviços de zeladoria, como poda e remoção de árvores, buraco e pavimentação, veículos abandonados, capinação e roçada de áreas verdes e ponto viciado de descarte de lixo e entulho, executados pelas subprefeituras, seguem como alvo principal das demandas no período, tanto em 2018 quanto neste ano. 

No topo das denúncias, as relacionadas a árvores, por exemplo, chegaram a 1.831 queixas, média de 305 por mês. Nos primeiros seis meses de 2018, foram 1730 demandas, média 288  ao mês.

Posto central

O movimento no posto central para atendimento a usuários do Bilhete Único na Rua Boa Vista (centro) estava cheio no fim da tarde desta quarta-feira (24). 

Usuários que foram ao local relataram ter dificuldade para carregar o cartão, principalmente o utilizado por estudantes, com créditos. 

Foi o caso da estudante Giovana Lincin, 19 anos, que foi até o posto do centro para carregar o cartão do namorado, mas não teve sucesso. 

“Constou aqui que os dados dele estavam invalidados e que ele teria de ir diretamente no terminal (de ônibus) para fazer a recarga”, afirmou ela.

Acompanhada da mãe, Diana Novais dos Santos, 14, disse que seu cartão  está bloqueado de estudante há dois meses. 

“Precisei colocar crédito de bilhete comum para conseguir utilizar. E aqui me disseram que tem de acabar estes créditos comuns para renovar o cartão”, contou. 

Já Geovanni Câmara, estudante de 23 anos, fracassou ao tentar emitir uma segunda via do cartão que havia perdido na madrugada desta quarta-feira.

“Cancelei pelo telefone e passei aqui antes de trabalhar, mas me disseram que só posso retirá-lo no terminal (D. Pedro 2º)”, afirmou o estudante.

Resposta

Procurada, a Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), afirmou que “tem investido no combate às fraudes no sistema de transporte público, o que inclui o cancelamento de cartões contendo recargas não oficiais, bem como cartões com benefícios de gratuidade sendo utilizados indevidamente por terceiros, inclusive por meio do reconhecimento facial”. Desta forma, tais “ações têm levado usuários a procurarem a Ouvidoria com o objetivo de reaver o benefício”.

Já sobre as queixas em zeladoria, a Prefeitura informou que “o serviço é uma das prioridades da atual gestão” e que o orçamento na área “foi triplicado de R$ 500 milhões para R$ 1,5 bilhão” em 2019.

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